sexta-feira, 25 de junho de 2010

Observador Itinerante

Eu mal costumo sair de casa. Esse hábito estranho de reclusão permanente é apenas mais um do meu amplo repertório de anormalidades comportamentais. Por conta disso, os ambientes aqui retratados se tornam repetitivos e comuns; centros de estudo que frequento, ruas e ônibus. Principalmente os ônibus. Odeio trafegar dentro deles; tenho a preferência de andar a pé, maneira a qual atravesso os bairros mais próximos. Atualmente, mais do que nunca na minha vida, venho sendo um passageiro constante desse maldito veículo motor, transportador de carne humana. Passo mais ou menos duas horas, somando ida e volta, da zona norte à zona sul, onde moro e onde estudo, respectivamente. Nem reclamo muito porque sei que tem gente em situação pior, que mora bem mais longe, literalmente na puta-que-pariu. A típica comparação do "quem se fode mais"...



A solução é aproveitar a situação, tirar algum conhecimento dessa experiência diária. Quando me enjôo de ficar lendo algum e-book qualquer no celular, começo a observar atentamene as pessoas que estão dentro do ônibus ao meu redor. Faço isso principalmente à noite, quando a grande maioria dos trabalhadores lota o busão voltando do trabalho para casa. Não é que as aulas de Geografia estavam certas em relação a "cidade dormitório"? Assim tenho o "privilégio" de ver todos os tipos de pessoas, um prato cheio para um permanente observador bisonho-silencioso feito eu. Agindo com descrição, registro as minhas aulas práticas de comportamento humano que diariamente, assisto e presencio.
Por exemplo, já pude constatar que um as mulheres da espécie humana conhecidas como patricinhas quando crescem, continuam a andar juntas em bando sejam colegas de trabalho ou jovens universitárias gostosinhas que eu nunca vou comer. Isso eu percebo pelos uniformes, pastas e cadernos que carregam. Os assuntos continuam sendo sobre as mais absurdas futilidades possíveis (Amiga, gostou da cor do meu esmalte?) e os costumeiros mexericos continuam a rolar soltos (Sabe com quem a Mônica fez sexo oral na festa de ontem?). E todas continuam fazendo questão de exibir aquelas enormes alianças de compromisso no dedo, dadas pelos namorados cornos bombadões de academia. Ok, nessa última frase eu parti pra minha imaginação de invejoso, confesso...



A classe das piranhas é facilmente reconhecida pelas roupas com um baita decote e jeans apertado (e ainda olham torto para os tarados que olham descaradamente feito eu) e por atenderem o celular a todo o momento (provavelmente os clientes ligando, se é que esta me entendendo...); o maldito aparelho delas toca direto (geralmente o ringtone é algum funk) incomodando o ”silêncio de nossa viagem” mais do que os vendedores de bala (esses caras merecem um texto só para eles), que entram um após o outro nos ônibus. Elas atendem com um ”Oi, bem” e começam a tagarelar sem parar, irritando os nossos tímpanos.



Em casos como esse entram em cena os "inibidores de som do ambiente externo", sacados rapidamente das bolsas surgem os mais variados aparelhos como os celulares, Ipods e tocadores de MP3 que entram em ação, para que ao menos se possa ouvir, um barulho selecionado, que agrade mais ao ouvinte. Um agradável toque de música personalizado, nesse corre-corre do dia-a-dia é algo individualista que fazemos pro nosso bem e sáude mental, eu diria. Afinal, ninguém gosta de ser obrigado a ouvir coisas como as mais diversas reclamações à respeito de mais um dia de trabalho, por parte de desconhecidos terceiros.



Também pude perceber diferenças de comportamento explícitas sobre o homem e a mulher. Diante de um destino de chegada desconhecido, por exemplo, a mulher imediatamente pergunta ao motorista, cobrador ou a alguma alma caridosa, onde fica o tal lugar, pedindo logo uma referência ou algo do tipo. Sendo mais ”sem vergonha” do que o homem, no bom sentido do termo, a mulher é inegavelmente mais prática que o homems para conquistar o seu objetivo, no qual consegue sucesso . Já o homem, se porta como um ser independente, desbravador, conhecedor e supostamente criador do seu próprio caminho. O homem tenta ser uma espécie de pioneiro e se fode. Quando está para soltar em um ambiente que desconhece, levanta-se e tal qual um navegante a procura de novas terras, procura avistar algo, um ponto de referência mesmo que completamente desconhecido. O orgulho aqui fala mais alto. Às vezes dá certo, outras nem tanto.



As diferenças de classe sociais no ônibus também ficam bem nítidas pelo seu comportamento. Além da roupa, o comportamento em um ambiente fechado tal qual o transporte coletivo diz muito sobre a pessoa, sua origem. Existem os exibicionistas carentes por atenção em ambas as classes. O pobre como vem geralmente de alguma comunidade barra pesada do Rio, para chamar atenção ou canta algum funk ou conversa em voz alta à respeito do lado ruim da favela que se vê nesses programas que exploram a tragédia humana: tiroteio, bala-perdida, confronto com a polícia, drogas, esse tipo de assunto. Já o rico fala em voz alta no seu celular de última geração sobre o sucesso de seus negócios, alguma festa badalada que frequentou no fim de semana ou gaba-se por viajar para o exterior ou frequentar uma faculdade prestigiada. Enfim, ambos expressam os seus mundinhos infernais ou angelicais. Talvez ajam de forma inconsciente, fazendo esse tipo de papo fluir naturalmente, como se estivessem em piloto-automático das suas rodinhas sociais. Sempre a mesma ladainha irritante.
Cuidado ao andar de ônibus. Cuidado com o que diz e com suas atitudes. Elas dizem muito sobre você, portanto vigie-se permanentemente. Você pode estar sendo observado e analisado por algum outro babaca desocupado feito eu e acabar sendo ridicularizado num blog de quinta categoria. Um simples passageiro do seu lado pode ser um escritor medíocre debochado e irônico. Lembre-se sempre disso ao sair de casa.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

I Cry

Ok, hoje não vamos banalizar o choro. Chorar é algo perfeitamente normal. O problema é que hoje em com essa emomania juvenil, o ato de chorar acabou ganhando uma conotação negativa demais. Aliás, isso até com um pouco de razão; particularmente acho os emos ridículos. Gente egoísta e depressiva que só sabe enxergar os próprios problemas, olhar o próprio umbigo, olhar o próprio rabo o tempo todo. “Papai não gosta de mim”, “Fulana não retribui meu amor” etc. Eu também tenho os meus momentos de ficar meio down, mas não me entrego permanentemente assim desse jeito, nessa tristeza bisonha de poser pra se enturmar com outros coleguinhas de cabelo de franja lambida e lápis no olho. Levanto, sacudo a poeira e me preparo pra me fuder novamente em outra oportunidade. E eu falando isso se eu servisse de exemplo para alguém...



Você chora geralmente quando sente dor. Na infância isso fica bem mais explícito; qualquer pancadinha resulta naquele baita berreiro, típico de criança remelenta. Isso por conta da alta sensibilidade delas e inexperiência das dores do mundo. Mas isso é somente dor física. Quando você cresce, não é qualquer pancada que vai lhe trazer lágrimas aos olhos, além do mais, as coisas vão se tornando bem mais complexas. O choro para os adultos ocorre mais em situações emocionais específicas. Principalmente tratando-se de certos brucutus insensíveis feito eu.
Nem choro mais com ofensas dirigidas a minha pessoa. Como na música “Many Men” do grande filósofo americano 50 Cent, posso dizer que em relação a isso, “I don’t cry no more”. Fico puto com o maldito inimigo-ofensor, como qualquer outra pessoa ficaria numa situação dessas. O que ocorre é que simplesmente engulho aquilo que me foi dito e sigo adiante. Fico chateado, não dou muita importância e procuro esquecer logo. Costumo descontar nos objetos inanimados depois...



Isso significa que eu não choro? Claro que não. Só significa que é mais difícil para mim, me render às lágrimas. O choro para mim é algo que ocorre raramente. Para se concretizar ele precisa vir acompanhado de algo realmente forte. Não físico. Com um critério de fazer emocionar e refletir de forma positiva. Esta é uma capacidade que uma luz na escuridão como uma alegria repentina pode proporcionar. Tem origem aí em mim o famoso choro de felicidade.
Por exemplo, ano passado assisti bem no final do ano no TCM, aquele filme antigo clássico ”A Felicidade Não Se Compra”. O enredo é aquele de filme natalino que hoje em dia já ficou batido: o carinha deseja que nunca tivesse nascido e se arrepende no final, esse chilique se deu porque por causa de inimigos, ele ficou endividado e seu banco foi a falência. O foda é que como assisti em época de natal (especificamente na madrugada natalina), sozinho na sala de estar da minha casa, tudo ficou mais dramático. O sentimentalismo nessa época e realmente muito forte. O Natal vem como um catalisador de sentimentos, sejam eles bons ou ruins; se você estava sozinho antes, nessa época fica mais ainda. Enfim, nesse dia eu chorei. O último choro legítimo que tive até o presente momento e um dos que mais me marcaram na minha vida.
No final George Bailey, o protagonista, enfim consegue com que a sua existência se restaure e retorna para casa junto a sua família. Ele fica contente, não se importando mais com a falência do banco, dizendo-se feliz por estar cercado das pessoas que ama. Aí de repente, começam a aparecer em sua casa, pessoas de toda a cidade, que foram convidadas pela sua mulher, contribuindo para a salvação dos seus problemas financeiros. Isso porque ao longo de sua vida, George os ajudou em momentos difíceis, sendo por isso querido por todos, por ter uma permanente conduta honesta e solidária. Ele consegue arrecadar dinheiro o suficiente e recebe um bilhete com a frase “Lembre-se que nenhum homem é um fracasso se tem amigos”. Caem os créditos e junto, caem as lágrimas em meu rosto. Mensagem marcante que sempre irei recordar. Inesquecível.



A outra vez que chorei de verdade e que eu me lembro foi há um tempo atrás, bem antes desse dia. Aliás, uns três anos antes, especificamente no ano de 2006. Vi a garota que eu amava, beijando outro cara: ela tinha namorado e eu desconhecia esse fato. Demorei pra falar com ela e outro foi mais ligeiro. Cheguei em casa no fim do dia e chorei feito uma pirralha de 10 anos que perdeu a sua boneca Barbie favorita. Nesse caso, meu choro além de cômico, foi bem infantil...

Nacionalismo

É aquilo que aqui no Brasil surge de 4 em 4 anos em época de Copa do Mundo. Algo impulsionado pela nossa amada seleção brasileira de futebol. Não, correção. Motivado pela mídia de massa que cria um ufanismo imenso por causa de uma merda de taça de ouro que para mim e para grande maioria não vai servir pra porra nenhuma. O tempo todo a mídia trata tudo de forma regional, mas nessa época, eles mostram recortes do país todo festejando durante o mês inteiro da competição, ganhando até mesmo, do período de celebrações do ano novo que mostra os estados da nação em festa durante um período bem menor. Talvez somente o Carnaval possa ser comparado ao sentimento de brasilidade criada por uma Copa do Mundo. Se não fossem essas épocas, eu desconheceria o olodum, o frevo e outras expressões culturais do nosso povo.



Não sou nenhum ser estraga-prazer, sempre do contra sobre tudo. Só acho que é um problema muito grande a gente só se unir para o futebol e o samba e apenas através disso encher a boca pra se dizer brasileiro. E olha que nem sou um cara muito nacionalista.
Outro dia, eu estava visitando um fórum virtual de discussões sobre música. Nem lembro o assunto abordado em questão, só lembre que um indivíduo, um daqueles roqueiros bem hardcore, estava descendo o pau, ridicularizando pra cacete o funk, o axé e o forró, gêneros os quais eu também tenho total antipatia, por conta disso, eu como fã de algumas bandas gringas, até concordei com ele. Isso até eu ler um comentário de outra pessoa que me fez refletir: “Porra cara, tu fica rebaixando esses gêneros e exaltando os caras de fora, comprando os cds e enriquecendo um bando de moleque cagão que não tão nem aí pra você, um bando de cabeças ocas do estrangeiro. Seja nacionalista véio!”.



Um comentário que expressa a mais pura verdade: sempre exaltamos o que vem de fora e rebaixamos o que temos aqui. Algo que não deveria acontecer. Todo mundo tem o direito de ouvir e gostar o que quiser. Mas é lamentável ficar linchando e avacalhando a própria cultura, a cultura nacional, por mais tosca que aos nossos olhos possa parecer. Deve-se respeitá-la ou pelo menos ficar quieto. Muitas vezes esses gêneros representam uma oportunidade de grupos de excluídos e marginalizados da nossa sociedade se expressarem, num país que ora não os enxerga, ora os ridiculariza.
Brasileiro tem muito essa síndrome de vira-lata, esse sentimento de inferioridade de país de terceiro mundo, chegando ao cúmulo de sair daqui e falar mal da própria terra no exterior, criando uma imagem ruim lá fora, o que é péssimo. Falo mal daqui também, mas quando alguém de fora vem e fala mal daqui, como aqueles merdas metidos do Oásis fizeram em Porto Alegre, fico puto e revoltado. Não devemos nos fingir de cegos e esquecer os nossos problemas internos. Mas poderíamos exaltar de forma mais intensiva as coisas boas que possuímos em nosso país. Fora o futebol, as mulatas espetaculares e o samba, claro!

PS: Sou fã do Blink-182 e escuto mais música internacional do que brasileira. Alguém se habilita a me nacionalizar musicalmenente?

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Roupas

Nunca liguei para roupas. Já me acho feio, ridículo e tosco demais para me importar com a aparência daquilo que estou vestindo. Sério; mesmo se eu pudesse trajar um terno de ouro puro, ainda iria me sentir interiormente o mesmo otário cagalhão de sempre, portanto, não faria qualquer diferença.
Nem sequer compro as minhas próprias roupas; afinal sou um jovem cidadão brasileiro, morador da zona norte carioca, falido e desempregado que não tem condições para isso. Com raras exceções. Palavras como moda ou estilo nunca germinaram na minha cabeça. Acho até ridículo o apego que minha geração tem a marcas e grifes de roupas famosas. É moda andar por aí, como se fosse outdoor , fazendo publicidade gratuita das Abercrombies e Oakleys da vida. Parece que ninguém se garante pelo que é. Visto qualquer coisa limpa, passada à ferro e sem buracos que aparecer na minha frente, enquanto vasculho o guarda roupa. Não imagine gracinhas de gênero sexual, porque meu guarda roupa só tem roupa de homem, não tenho saias e nem kilt, só pra ficar sabendo.
Tenho um monte de blusão largo doado, que me faz parecer um grunge, vagabundo, espantalho ou lenhador se preferir algo mais rústico. Esse leque restringido de opções também se justifica pelo fato de que eu odeio sair para comprar roupa ou qualquer outra coisa. A paranóia de segurança das lojas me deixa tão intimidado que às vezes saio delas me achando culpado mesmo sem ter tido roubado porra nenhuma. Resultado: pego qualquer coisa, pago e saio rapidinho.
Isso quando tem o meu tamanho. Ser um cara grande é complicado, tem que ter muita paciência e sair pesquisando e ouvindo os risinhos de deboche dos vendedores a respeito da falta no estoque de modelos para meu tamanho específico. E quando tem o tamanho, tem o problema da escolha de cores que geralmente são horríveis. Só aquelas cores neutras: verde cor de catarro, marrom, preto, cinza com amarelo. Até eu que não gosto de moda acho feio pra cacete.
O assunto roupa na minha cabeça está rendendo mais até do que eu esperava. Um tipo de roupa que sempre me incomodou muito são os uniformes. Em boa parte deles, eu sou obrigado a fazer uns ajustes para caber neles e usá-los. Os uniformes são sempre tão padronizados que me irritam. Ao me ver eles a cada dia estão matando a individualidade de cada um e ainda anunciam o nosso destino de viagem, para qualquer um enxergar de longe e descobrir, justamente por conta de suas características específicas como a cor ou um emblema de uma instituição. E se eu não quiser que as pessoas saibam onde estudo ou trabalho, seja por vergonha ou outro motivo tolo?. Mas também sei que numa escola, por exemplo, se cada um usasse o que quisesse seria uma putaria só. A garotada atual, principalmente as meninas, é promíscua demais e sairia mostrando tudo pro deleite dos pervertidos feito eu. A solução seria adotar um outro padrão de limites de exibição de partes do corpo. Mesmo assim continuaria a valer a imposição vestuária. Por esse ponto de vista, eu defendo a livre escolha de roupas das pessoas, mesmo com a imoralidade. Na minha opinião, na verdade todo mundo tinha é que andar sempre pelado com as cobras e as pererecas de fora. Uma utopia que eu sonho todo dia. Minha visão de paraíso...

Aulas De Artes

Tal qual o texto sobre Filosofia que escrevi em outra ocasião, esse daqui também tem o intuito de ridicularizar uma disciplina que não gosto muito. Por isso a pessoalidade exarcebada nas minhas idéias. Lógico que é um contrasenso falar em pessoalidade; tudo aqui no meu blog é opinião pessoal minha, para ser desconsiderado mesmo. Então para os apreciadores e afiliados em questão já peço desculpas adiantado. São idéias baseadas em puro senso comum, sem estudo detalhado e bibliografia confiável, incoerentes, absurdas e sem fundamento de um imbecil. Reitero, desconsidere o que ler aqui, ou se preferir nem leia. Não vou me magoar.
Nunca gostei de assistir à aulas de artes. Ênfase aqui em aulas. Curto a arte e a aprecio bastante, principalmente as obras dadaístas e de pop-art. Só não considero algo sensato ensinar isso ou qualquer coisa relativa e transformar isso em uma aula séria. Para mim arte é algo que serve apenas como distração e apreciação, para não ser levado a sério. Mesmo quando é colocada à sério não gera quaisquer resultados práticos. Acho até ridículo quem se põe a fazer isso. Os pintores expressam seu descontentamento com a realidade, mas isso nunca dá em nada. Estou mentindo? Alguma obra mudou o curso da história da humanidade, impediu uma guerra ou algo do tipo?
Outro dia fiquei puto numa aula de artes da faculdade pensando “Sai cedo de casa e gastei dinheiro com passagem de ônibus para assistir isso?”. A aula em questão não me ensinou nada. Só foram passados alguns vídeos ridículos cheios de ruídos irritantes. Muito tosco e lamentável de se assistir. Pensei até em me vingar descendo o nível; me filmar cagando, entregar como trabalho final e dizer que é arte moderna.
Um capítulo especial de meu ódio à aulas de artes está relacionado às minhas experiências com as professoras ao longo dos anos. Só tive professoras de artes do sexo feminino mesmo, pelo que sei pelo menos. Não sei porque, mas nunca fui com a cara de nenhuma professora de artes. Toda vez que vejo uma, a vontade que me dá é de dizer para elas procurarem algum emprego de verdade (embora eu seja um desempregado há anos). Algumas nem artistas são, só ficam vendo as obras dos outros e pagando de gostosa na frente da gente. Sem contar a postura. Sempre demonstrando toda uma pose, uma envergadura, uma certa arrogância como se soubessem de tudo. Grande merda! Quando na verdade sabemos que a arte por mais bela que seja é completamente inútil. Tal qual toda uma categoria.
Na oitava série, pela primeira vez na minha vida uma professora me intimidou perante a classe. Ensinava artes, claro. Me ridicularizou na frente da turma toda e eu me encolhi como um bom covarde sem dizer nada. Como diria o Veríssimo ”alguma eu devo ter aprontado”, posso ter pensado alto e dito uma besteira, ter um acesso de risos rápidos em má hora ou fiz cara de sonso (culpado, estou o tempo todo com essa mesma expressão de besta). Mas a bronca em si foi feita porque me recusei a dar minha opinião na aula dela. Esse é um país livre, tenho esse direito não? Na época eu não sabia me defender direito de ataques verbais, fiquei nervoso e sem reação, foi golpe baixo. Chutar cachorro morto. Enfim talvez esse último e pequeno relato tenha servido para justificar melhor meu desprezo por arte e influenciado todo o enfoque negativo que dou a essa disciplina até hoje. Sou recalcado pra caralho!

Herói Da Vida Real

Existem aqueles dias em que você pensa que foi um perfeito herói. Não me refiro à um daqueles de histórias em quadrinhos ou dos cinemas, repletos de poderes especiais fodônicos. Me refiro às ações mais cotidianas; o agir certo até mesmo em momentos inesperados. Ser útil, valoroso e solidário para as pessoas ao seu redor. Algo que gera o respeito dos outros e dá um certo respeito a si mesmo. Orgulho. Salvar o dia. O suficiente pare se sentir uma pessoa satisfeita e realizada. Será mesmo?
Honestamente, eu digo que tenho lá os meus poucos momentos de heroísmo. Ações bem babacas que qualquer um com juízo, julgaria sem importância alguma. Como ser o único de um grupo a lembrar de fazer uma maquete para algum trabalho escolar e não fazer as cinco pessoas envolvidas zerarem, aparecendo com ela prontinha na última hora. Mas por menor que ações, como essa, tenham sido, elas foram capazes de originar em mim, um sentimento de nobreza de caráter enorme e inéxplicável. É o que acontece quando você é um canalha o tempo todo, qualquer merdinha que você faz de bom te faz sentir o máximo. Lamentável, eu sei. Porém, o ato de fazer a diferença em um momento qualquer continua tendo o seu valor e a ser uma atitude louvável.
Daí, em seguida num dia desses, tem o caminho de volta para casa e você se vê pensando diante de alguns elementos básicos ao seu redor. As mãos nos bolsos vazios da calça comprida, uma noite fria, escura e desoladora e só aquela lua, grande e brilhante no céu como companhia de consolo, não ganhando nada de concreto em troca, como um mísero abraço sincero. A conclusão que se tem num dia desses para mim acaba sendo meio pessimista e gera alguns questionamentos de revolta. Que porra é essa? Cadê minha recompensa cacete? Isso é justo? Perguntas feitas ao vento, que retornam sem resposta alguma e que expressam o desejo de algo mais de um herói atípico. Com certeza as coisas podiam ser melhores.



Esforçar-se, dar o máximo de si, para ser lembrado por algo bom que você fez nessa existência mundana, pra deixar de ser alguém medíocre, mesmo que momentaneamente. Isso enquanto um Zé Boceta qualquer, egoísta e mau caráter (juízo de valor feito por contastações diárias) está acompanhado de uma bela garota. E você, numa daquelas noites que eu descrevi acima no parágrafo anterior, observa eles caminharem felizes, lado a lado, até sumirem bem ao longe. Dá uma baita inveja para dizer a verdade. Principalmente se ela for a garota que você ama e observou o dia todo...
Voltando a seriedade; lógico que agir como um herói não é nada disso. Não fazemos boas ações só com intenção na recompensa, prêmios e glórias. Você faz o que sente que é certo e deve fazer. Isso é recompensador. Mas que fica um gostinho de quero mais, fica com certeza. A esperança é o reconhecimento por algo bom realizado; se não dos outros pelo menos de si mesmo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Misantropia

Outro dia uma conhecida me chamou de anti-social. Já perdi a conta das vezes que uma pessoa me diz isso. Eu, como sou chato e curioso pra caralho, resolvi procurar o significado desse termo na Internet e descobri, que ser anti-social é agir de forma contrária à sociedade, tipo roubar e matar os semelhantes. Atos, aí sim, anti-sociais que eu não faço. Não por consideração pelos outros, só não quero ir pra cadeia...
Não tento me enganar sobre isso. Sou até honesto demais com meus defeitos e acho que até exagero às vezes nas minhas autodepreciações adjetivadas. Sei que tenho problemas de comportamento perante os outros assim, prossegui em busca de um termo para me definir. Sem piadas, por favor. Não é a definição de conteúdo sexual que você está pensando...
Com minha incrível habilidade de colocar as palavras-chave corretas para realizar pesquisas, em um site de busca, encontrei o termo misantropia, que eu até já tinha ouvido falar anteriormente, mas desconhecia completamente o seu significado.
Grande Wikipédia, onde podemos encontrar um monte de informações; confiáveis ou não, fica impossível de se saber. Por lá, nesse mesmo dia descobri que sofro de um monte de patologia psiquiátrica; esquizofrenia, transtorno bipolar, dupla personalidade, transtorno obsessivo compulsivo, estresse, pânico, depressão, sou stalker amoroso obssessivo, dentre outras. Se bem que isso pode ser hipocondria de minha parte. Ops, quase me esqueci que hipocondria também é uma doença para se somar á lista. Estou fudido mentalmente. Nem precisava de uma pesquisa para averiguar isso. Minhas atitudes já dizem isso claramente. Quem mandou ser curioso...
Como sempre me desviei do assunto título de novo, perdão. Continuando, nas palavras da enciclopédia livre, li que o misantropo ”É uma pessoa que tem aversão ao convívio social, adora viver em isolamento. Aquele que não mostra preocupação em se dar com as outras pessoas, de ter uma vida social preenchida - tendência a ter uma pouca ou praticamente inexistente vida social. Estado de reclusão que alguns indivíduos escolhem para viver”. Quem me conhece sabe que a definição bate igual a minha conduta. Só faltava colocar meu nome como sinônimo e quem sabe até uma foto no verbete.




Engraçado é como eu consigo ser incoerente em tudo que faço, não ocorrendo diferente nesse caso. Como um misantropo como eu, possui Orkut, por exemplo? Pasmem, o Orkut é uma rede virtual social! Porque um misantropo, que odeia todo mundo, quer manter contatos permanentes com pessoas da vida real numa rede social? Essa, é uma pergunta bastante inteligente e com certeza pode acreditar que não fui eu quem a formulou. Li ela na comunidade de misantropos do Orkut, foi o seguinte; alguém de fora, do nada entrou lá e perguntou isso e todo mundo ficou sem ação, perplexo, sem ter o que dizer. Talvez não sejamos misantropos, nos encontremos em outra categoria de excêntricos marginais da sociedade. Uma ótima deixa para eu realizar uma nova pesquisa conceitual e encontrar, enfim um termo correto para me definir. Se eu tiver sucesso e encontrar o termo, relato num dia qualquer.

Elite

Engraçado como tentam impregnar certos pensamentos nas nossas cabeças desde cedo e nem nos damos conta disso. Crianças crescem ouvindo os adultos próximos a elas, por exemplo, dizerem que todas as pessoas são iguais. Uma idéia até que bonitinha e inofensiva. Mas mentirosa pra cacete. Contraditória e muito nada a ver com a realidade em que vivemos.
Conheço caras da minha idade (19), que já tem o próprio carro. Eu não tenho grana para comprar um skate; no momento minha carteira não me permite comprar nem mesmo uma mísera e solitária bala de hortelã. Discurso de igualdade uma ova!
Não pense que minha missão nesse blog, é a de descer o pau e falar mal exclusivamente da classe média. Lógico que odeio eles. Pra falar a verdade, sou democrático e odeio todo mundo; na minha vida convivi em tudo que é tipo de ambiente social da cidade maravilhosa e encontrei laranja podre como diria o Paulo Ramos (é o 12!), em todos esses lugares. Não sou esquerdista e nem de direita, vivo em cima do muro achincalhando todo mundo. Odeio pobres, odeio ricos, odeio playssons, odeio patricinhas e odeio os comunistas suburbanos fãs de Legião Urbana também. Tenho as minhas restrições ao ódio em eventuais associações que me fazem mudar de idéia. Não me leve a mal, não é nada pessoal, é só que estou sempre esperando o pior do próximo. Adoro quando me engano e conheço gente bacana. Só que como o assunto de hoje especificamente está muito associado à classe média vai sobrar pra eles. Cada um na sua hora... Aguardem.
Após as devidas justificativas necessárias voltemos ao assunto. Elite. Algo que já pressupõe desigualdade. Sinônimo de “os fodões”. Pra elite existir, há a necessidade também de existirem os não tão bem abençoados. Indignei-me, outro dia, quando ouvi na faculdade um professor falar a frase ”Vocês são a elite intelectual desse país.” Mais uma vez, não falei porra nenhuma por covardia e resolvi registrar por aqui mesmo o ocorrido. Tem certas coisas que acontecem e parece que só eu percebo, coisa de gente paranóica, estar sempre alerta. Logo na faculdade o cara se põe a premiar a desigualdade e vangloriar-se de ser elite? Mostrar contentamento com a desigualdade. Isso não está certo.
No tratamento com as pessoas realmente, devemos agir como se fossemos iguais, como deveria ser. O ato de igualar-se ao semelhante seja quem for, principalmente se ele for mais humilde é belo. Uma atitude corretísssima. Ninguém aguenta essas madames de nariz em pé e suas filhinhas queridas fazendo cu doce; acabam sempre nos esnobando. Se quiser um conselho grátis aí vai um: numa situação dessas, tome vergonha na cara, fala que vai ao banheiro cagar, vira as costas e sai fora. Pra que dar atenção a quem não merece. Tenha fé. Valorize somente a quem lhe dá atenção.
Não uso óculos escuros o dia todo, não simulo austeridade, não tento impressionar ninguém com meus conhecimentos, não tenho carrão, não vou todo fim de semana a uma festa, não me vanglorio por estar cursando o ensino superior, não fumo maconha para parecer descolado, não viajo de avião, não uso perfume importado, nem roupa de marca, não transformo a rua numa passarela; não me exibo. Sou um bobalhão, bruto, estúpido, mal articulado, mal vestido, ando de cabeça baixa e não pertenço à porra de panelinha nenhuma. Um puta cara incompreendido e desajustado. Mas pelo menos tenho bom caráter, me orgulho muito disso, estou bastante satisfeito assim do jeito que sou e isso me é suficiente. Um perdedor orgulhoso de peito aberto, deselitizado e sem classe alguma.

PS: Escrevi “odeio” neste texto sete vezes e a palavra “não” vinte vezes. Se eu errei na conta, por favor, me corrija. Quanta negatividade! E mais: Pesquisando, sem querer descobri que "Elite" é o nome de um jogo de videogame, nem sei de que gênero, cujo logo é estiloso pra cacete. Essa informação não tem nada de relevante para o tema do post, mas aposto que você, pessoa elitizada que se vangloria pela sua inteligência, já deve ter percebido isto...

Você Valoriza A Si Mesmo?

Outro dia eu estava assistindo a TNT, o canal a cabo. Como de costume, estava passavando mais um daqueles comerciais intermináveis entre os filmes. Tem gente que não gosta, mas eu até me amarro em alguns deles. Tem coisas que valem a pena serem assistidas, como aconteceu nesse dia. Não as propagandas; me refiro às curiosidades que passavam sobre as produções hollywoodianas. Eu explico.
Passou uma daquelas entrevistas que fazem em lançamentos de filmes do cinema; dessa fez foi com Jay Baruchel, um ator de uma comédia romântica(que é a cara de um colega meu da faculdade), que vai estrear em breve. As pessoas subestimam os comediantes, taxando eles de bobalhões, mas pra se fazer rir, você tem que ser uma pessoa esperta e criativa. Um conhecimento amplo de mundo acompanhado de muito sendo crítico. O cara fez um comentário muito inteligente sobre o conteúdo desse gênero de filme.



Disse que geralmente nas comédias, o protagonista masculino sempre segue um estereótipo: é um fracassado,um idiota, um "loser" bobão qualquer que se apaixona pela garota mais linda popular, fodalhona do pedaço. E para conquistar ela, ele tem que passar por vários desafios, se superar para ser o bambambam da sua turma no final da história e beijar a garota antes dos créditos. Não importa que o personagem seja músico, dançarino atleta, estudante etc. Os estúdios sempre seguem esse mesmo roteiro e linha de raciocínio, com poucas variações.



Jay Baruchel prosseguiu com seu discurso e me brindou com a frase “Jamais devemos encontrar o nosso valor em outras pessoas”. Uma ótima lição que seu filme, que pessoalmente ainda nem vi e sequer sei o nome, pretende mostrar. A trama aliás, é a seguinte: um cara normal que trabalha no aeroporto, interpretado por ele, consegue com que uma garota linda e maravilhosa, que conhece se apaixone por ele. Tudo isso agindo sem extremismos, bastando ser ele mesmo e dando carinho e atenção pra moça. Isso, admito é algo difícil de crer que ocorra, porém mesmmo assim consegue ser mais verídico de se concretizar na realidade, do que certos absurdos que acontecem em comédias românticas. A típica história do “muita areia pra um caminhãozinho”, que eu, aliás, por onde ando, tenho observado bastante. Vejo cada sujeito horroroso com uma gata do lado e eu aqui(nem bonito, nem feio) sozinho. Dá uma inveja da porra, mas reacende a minha esperança. Se eles conseguem porque eu não posso ter essa sorte?
Aplaudo a iniciativa de se realizar um projeto desses, que traz essas boas sensações à tolos ainda esperançosos. Nem todo mundo é ultratalentoso. Porém o mais importante é amar a si mesmo antes de amar outra pessoa. Odeio o realismo simplista, mas tenho que admiti-lo: por mais triste que pareça, a única garantia de uma presença eternamente ao nosso lado, é a de nós mesmos. Lógico que é bom ter alguém do seu lado; ser amado gera segurança e conforto e isso é muito satisfatório e realizador. Mas é perigoso se tornar refém disso; contos de fada não existem, tampouco o felizes para sempre. A solução é aproveitar o momento, curtir enquanto durar e se o romance terminar, que resida ainda o amor próprio, capaz de dar forças para um reínicio desse nobre e belo sentimento.