quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Discutindo Política

Andei pesquisando a respeito dos candidatos dessas eleições em que irei votar, como deveria fazer qualquer cidadão consciente. Meu desejo real era de votar em branco por causa das minha convicções anarquistas. Falo sobre meu projeto anarquista para o Brasil em alguma futura ocasião. O que ocorre é que não votarei em branco, como gostaria, porque vejo que há um certo perigo em fazer isso, desperdiçar meu voto, como se ele nada significasse. Existem candidatos concorrendo que já fizeram muito mal ao Rio de janeiro em suas gestões ou de seus partidos que estão disparando nas pesquisas. Alem disso há o fato de que eu nunca votaria em partidos da direita. Não entendo como existem pessoas pobres que fazem isso. Que fazem propaganda para partidos desse tipo. Não que a intenção desses partidos seja de governar intencionalmente com a pura intenção maligna de somente prejudicá-los e beneficiar as elites. O que ocorre é que eles privilegiam mais a classe média, ao empresariado do que as pessoas mais humildes. A diferença está nos enfoque que a esquerda ou a direita brasileira dá a uma parcela do seu digamos “público alvo”.
Minha pesquisa me condicionou a um site muito bom que mostra informações sobre os candidatos. Tem alguns lá com nomes e fotos bem engraçados. Quando vi Mori, o seu Miagui e Binladen rachei de rir. Resolvi compartilhar com minha amiga Érica no MSN. Ela é meio bruta às vezes, mas tem bom coração. Achou uma completa babaquice eu ter mostrado aquilo pra ela. Eu disse que entendia seu ponto de vista, que de fato a política esta uma palhaçada (preciso falar da candidatura do Tiririca?), e que isso não devia acontecer. Política é coisa séria, embora eu seja contra a eleição de governantes para exercer representativa de um grupo enorme como um país. Enquanto o sistema de governo no mundo moderno não muda, tratemos com seriedade os seus mecanismos de manutenção de ordem.




Érica não vota, porque ainda não tem 16 anos. Falei pra ela exatamente das minhas considerações iniciais, de porque não votaria em branco esse ano. Ela disse que eu estava sendo ingênuo. Corrupção e más gestões também existem em partidos de esquerda. Continuou e disse que existe gente competente nos partidos de direita e que eu estava generalizando por demais as coisas. Que eu estava justamente fazendo aquele juízo fabricado em escolas de jogar tudo nas costas de determinados governantes passados e sendo um esquerdista apaixonado como ensina a cartilha. Capaz de lembrar somente os erros dos candidatos que desgosto. Por exemplo, ela citou que um político que detesto fez obras próximas a casa dela que foram de grande valia, e que serviram para melhorar a vida dos habitantes daquela região. Ela me disse que para ela, não importava os escândalos, o superfaturamento de obras, as irregularidades e as desavenças de governantes sem aliados poderosos, que pensam que podem governar sozinhos. Para a minha amiga não importava nem a história ditatorial que originaram certos partidos. Descaradamente e sem vergonha alguma de dizer sua opinião, minha amiga demonstrou ter uma visão de senso comum muito enraizada na nossa sociedade. O político é visto não como uma pessoa que está subordinada a nós, um funcionário do povo, mas é visto como um grande paizão que nos dá coisas, como se fossem favores e quando elas são concretas, mais fortes ficam em nossas lembranças as imagens deles, das sua realizações. E eu desaprovo totalmente essa maneira de governar populista-paternalista.
Brigamos e decidi encerrar a conversa. Discutir politica é muito desgastante, porque na verdade nunca há um lado certo. Existem maneiras diferentes de se enxergar progresso, desenvolvimento, economia etc. Vi que não ia mudar o pensamento dela e ela não ia mudar o meu. Não estou fazendo aqui propaganda à favor ou contra à ninguém, e nem vou ter a audácia de lhes dizer em quem votar ou não. Só digo que continuo com meus princípios de votar em partidos de esquerda, mesmo sabendo que alguns deles não tem muita chance de vencer. Você vote em quem quiser nessas eleições, mas vote com seriedade ok? Faça isso enquanto não instauro a anarquia unificada no Brasil...

Tão Longe, Mas Tão Perto De Você...

No último sábado o tempo estava muito feio, bem esquisito mesmo. Frio, cinzento, nublado, sem brilho no céu. Por causa disso, desanimei de caminhar pelo meu querido bairro sem ruma algum, como faço, ocasionalmente, no meu sagrado ócio de fim de semana. Além do mais, como sempre, mais uma vez, meus bolsos se encontravam vazios, inutilizando qualquer tipo de pensamento a um passeio mais longínquo.
O que fazer em uma circunstância dessas, assistir televisão? Nem gosto muito, além de ter que aqui em casa praticamente disputar no tapa o controle da televisão para assistir algo que me agrade. A solução foi passar o sábado navegando na net. Quando cansei de procurar noticias e outras bobagens na web, resolvi conversar virtualmente com outras pessoas.
Entrei no MSN e nenhum contato meu estava online. Chateado e querendo desesperadamente conversar com alguém para trocar algumas idéias e tapear a minha solidão acabei entrando no Chat Uol para conhecer novas pessoas e adcionar novos contatos.
Inventei algum nickname idiota que nem me lembro e entrei. Diferente de outras ocasiões nem fiquei teclando obscenidades para as meninas da sala virtual tampouco fiquei questionando a sexualidade dos meus “concorrentes”. Estava carente e saia perguntando pra primeira garota que entrasse na sala se gostaria de namorar comigo. Deprimente eu sei...
Bom o que importa é que uma daquelas garotas era diferente. Fazia questionamentos diferentes, não usava aquelas típicas frases feitas que essas meninas de hoje usam para responder xavecos fuleiros iguais os meus. E eu até que me sai bem nas respostas. Pedi com gentileza o MSN dela para teclarmos mais à vontade. Usei como argumento o fato de que teclar em uma sala virtual não seria muito conveniente para ambos, porque a conexão de um dos dois poderia cair a qualquer momento e jamais poderíamos conversar novamente. Ela achou cômico e nem deu muita importância. Segundos depois ela saiu da sala. Pensei que era o fim. Justamente, quando em meio a tantas sequeladas desmioladas fãs de Restart encontro alguém mais compatível comigo, com um papo legal ela some. Que azar!
Mas, dessa vez não fui tão azarado como de costume. Ela entrou novamente mandei logo um “eu não te disse”, ela riu e aceitou me dar o MSN dela. Disse que nunca havia feito aquilo, dado o MSN a um desconhecido e pediu que eu não a decepcionasse, não a fizesse se arrepender. O desafio estava lançado.
No MSN, inicialmente eu a achei meio chata, meio desconfiada demais, mas com o tempo ganhamos confiança um no outro e teclamos como se fossemos velhos amigos. No primeiro momento não mostrei minha foto com medo de rejeição, mas quando fiz isso ela não deu muita importância a minha aparência, meu modelo de beleza, digamos, pouco convencional. Ela era uma linda moreninha com cara de criança, 19 anos, solteira (que bom!), professora, estudante de direito e residente de Vassouras, um tanto longe de mim. Pelo que vi a viagem de onde moro até lá dura 2 horas de ônibus. Nem tudo pode ser perfeito não é mesmo?
O que importa é que em uma circunstância dessa qualquer um se apaixonaria imediatamente e coisas como a distância acabam não pesando, não adquirindo importância.. Eu pedi seu telefone e ela disse que eu para isso eu tinha que conquistá-lo, fazer merecer isto. Mostrar para ela o meu verdadeiro eu, contar coisas que eu nunca havia falado a ninguém. Falamos sobre nossas crenças, nossas esperanças, nossos amores, nossas decepções. Fiquei de 16 e 45 até as 22 horas conversando com ela sem parar naquele sábado frio e cinzento, trocávamos carinhos e palavras doces que aqueciam nossos corações. No domingo aconteceu praticamente a mesma coisa. Sem perceber eu havia me viciado naquela doce menina. Foi tão bom. Meio que conseguia senti-la perto de mim. Como se estivéssemos ligados por alguma coisa, por alguma conexão espiritual.
Ela me pediu um abraço. Eu demorei a responder. Não entendi o seu pedido, não compreendi o sentido daquilo. Respondi que não dava para abraçá-la, por estarmos separados virtualmente. Aí ela me ensinou algo muito importante. Que abraços podem ser sentidos de longe. Basta fosse sentir a outra pessoa com amor. Tão meiga essa menina. Digito seu nome e ela sempre me responde com um sorriso. Já ate chamamos um ao outro por apelidos. Não contarei porque isso é coisa intima de um casal...
Mostrei o blog para ela. Esse mesmo que você está lendo. Ela gostou disse que tenho talento, que escrevo bem, mas que deveria maneirar nos palavrões. Evitá-los. E também falou que não gostou da descrição que fiz de mim mesmo aqui, como simplesmente ”misantropo, bruto e estúpido”. Eu disse que usar palavrões e me autodepreciar eram apenas algumas ferramentas que uso para ser engraçado na vida literária. Pensando bem, também faço isso bastante na vida prática. Bom, ela disse que eu era um garoto inteligente, mais do que a maioria, pelo menos, e não precisava desse tipo de besteira para ser engraçado. Também mencionou que conhecia pessoas que começaram escrevendo em blogs e que fizeram sucesso depois publicando livros. Que essas besteiras que escrevo de forma constante segundo ela desvalorizariam meu trabalho, muito bom na sua avaliação. Como ela é professora (e gatinha por sinal, queria ter tido uma dessas) resolvi ouvir o conselho. Até a convidei para ser minha editora nesse modesto blog, afim de verificar os meus constantes erros de gramática e concordância, mas ela rejeitou, disse que não quer ter essa responsabilidade. É muito gostoso saber que alguém se importa com você de verdade.
A palavra final de hoje é mudança. A partir de agora haverá algumas mudanças nessa minha diversão semanal de escrever que compartilho com vocês caros amiguinhos de longa data e desconhecidos que aqui entram sem querer querendo. Não é o fim do mundo, meu blog sem palavrões. Nem sei porque estou fazendo esse drama todo. Você, meu público, é bem escasso mais é fiel. Por isso as devidas justificativas prévias.
Por isso oficialmente declaro que a partir de agora não escreverei mais palavrões aqui em respeito a minha amada professora de 19 anos e futura advogada que sustentará o pobre futuro jornalista, atualmente desempregado. Brincadeira. Que a minha mudança literária também venha acompanhada de uma mudança amorosa. De uma mudança de vida. O que esperavam? As mulheres mandam, não é nenhum segredo isso. De certo modo nós homens para tê-las temos que fazer certas concessões e vice-versa, claro. Para serem felizes, os dois lados de uma relação têm que ceder, às vezes. E eu quero muito o celular dela, por favor, lhes peço que mandem comentários pedindo para ela me ceder o número dela para vosso caro escritor semanal encantá-la com sua voz de varão. Nosso primeiro encontro já está marcado pelo menos, desejem-me sorte. Mal posso esperar pra vê-la. O feriadão me espera!

PS: M*****, querida, não escrevi seu nome porque não sei se você ia gostar de ser exposta dessa maneira. Você me pediu para escrever sobre você e ousei fazer isso de verdade... Não brinco em serviço, viu só? Abraço!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Existe De Fato Alguém Autodidata?

Quem não gosta de ser foda? De ser capaz de dominar, conquistar tudo aquilo que deseja, seja algo material ou um conhecimento? O conhecimento é mais importante. Ele fica com a gente pra sempre diferente das coisas físicas. É nele que devemos nos concentrar e conseqüentemente absorver.
Por questões de carência de papel moeda nos meus bolsos (permanente por sinal) para comprar qualquer coisa, inclusive novas habilidades humanas adquiridas pelo conhecimento, volta e meia tenho que me virar aprender sozinho no famoso jeito do “se fode aí”. Isso sem nenhum mestre, no meu próprio ritmo.
Agora no meu presente momento inventei de aprender a tocar violão. Nem queria tocar esse instrumento, porque vivo sempre de forma a ser o mais original possível e esse lance de jovem universitário com um violão é um baita de um estereótipo. Em relação aos instrumentos de cordas sempre me atraíram o baixo, o ukulele (aquele pequeno violão havaiano) e o bandolim, mas como não tenho grana pra comprá-los resolvi me contentar com o violão mesmo. Assim sendo saí e comprei com as minhas economias (várias moedas por sinal), um Memphis AC40 preto bonitão. Só meu!



Chegando em casa a decepção obvia de não saber tocar porra nenhuma. Não consegui extrair uma seqüência de acordes agradável de se ouvir. Sou tão ruim que não consigo nem tocar Ramones cuja maioria das músicas só possui três acordes... Comprei uns métodos de violão nas bancas de jornal só que não me serviram para nada. São superficiais pra cacete e explicam muito mal. Até o Pdf que eu baixei da Internet explica melhor.



O que isto tudo está me ensinando é que ninguém aprende nada sozinho. O fato de a pessoa ler algo implica que ela, automaticamente esta recebendo ensinamentos de um mestre: o autor do livro que serve como professor. Vários livros seriam equivalentes a vários professores. Não tenho certeza então se existe essa coisa de ser autodidata. Pode existir a iniciativa de pesquisar e filtrar aquilo que se deseja conhecer. Só isso. Por isso os caras que escrevem são nosso tutores. Pra quem lê bastante eles são mais professores ate que aqueles que dão aula. Já tive professor de livro melhor que professor do mundo físico.
Aliás, se você aprendeu algo lendo esse blog até agora me pague. A quantia fica a seu critério. Principalmente aqueles que caíram aqui por acaso pesquisando algo sério para algum trabalho escolar. Eu aceito mesmo, sem vergonha nenhuma. Se for mulher (e atraente) e quiser pagar com o corpo melhor ainda.

Sobrevivendo Aos Agostos Da Vida

Sobrevivi a agosto e comemorei mais (ou seria menos) um ano de vida no dia 10 de stembro. Agradeço aqui as adoráveis pessoas que lembraram do meu aniversário. Isso não acontecia comigo desde 2004. Sério, me senti até emocionado por uma coisa tão boba como ser lembrado... 
Voltando ao tema posso dizer que o mês de agosto me odeia. Por isso só estou me sentindo inteiramente seguro para atacá-lo agora em setembro, quando ele esta morto, pelo menos até os próximos 11 meses. Vamos logo a historinha da vez para vocês compreenderem melhor.
Nem lembro quando, mas há um tempão atrás eu li uma crônica sobre esse mês chamada ”Agosto: O Mês Do Desgosto”. Obviamente, como se pode imaginar, o texto tratava de contar vários acontecimentos ruins sobre o mês. À principio, achei bastante exagerado: merda acontece o tempo todo, independente do mês. No meu ver as mortes, as tragédias, os agouros, se tratavam apenas de coincidências. Parei de debochar quando comecei a sentir na pele a ira de agosto.
Posso dizer que sempre as minhas (escassas) ficantes me largam nesse mês. Arrumam coisa melhor ou não querem mais ver minha cara. Podia ser em outro mês, mas não: tinha que ser no mês de agosto.



Peguei catapora no agosto de 2008, no meu terceiro e derradeiro ano de ensino médio. Por conta disso me esqueci de pedir as 100 pila para inscrição para os meus pais e acabei perdendo o tempo de inscrição para a prova da UFRJ, única que eu ia fazer, praticamente como um teste para mim mesmo, porque estava sem esperanças em vestibular (pobre sem cursinho, estudando por conta própria, saca?). Um ano inteiro jogado no lixo. Podia ser em outro mês, mas não: tinha que ser no mês de agosto.



A mais recente foi foda. Tríplice coroa de se fuder em agosto. Primeiro fui no dentista pedir pro cara ver a minha obturação que tinha caído. O cara vai e me obtura o dente errado. Só percebi isso em casa. Depois no segundo dia de aula na facul, roubaram meu celular, meu único bem tecnológico, exclusivamente meu. Além de celular era minha câmera e meu mp3 player ocasionando que agora estou vivendo sem uma trilha sonora de fundo, coisa que me faz muita falta. Escutar musica pra mim é como fumar um cigarro: um vício que me acalma. O cômico dessa historia toda é que a única pessoa com quem conversei o dia todo foi o assaltante. Praticamente, uns 2 minutos até o desfecho da minha perda material. Até que era um cara simpático e bem arrumado. Nem falou palavrão. Simplesmente falou passa o celular se não te dou um tiro na cara. Simples, direto e sem excessos de violência. Ladrões, aprendam a roubar como esse cara. Depois disso tudo alem de voltar para casa com os bolsos vazios, percebi que pelo dia ruim, praticamente sem sorrisos externos (meu combustível para a vida), mais vazio que meus bolsos estava o meu coração.



Podia ser em outro mês, mas não: tinha que ser no mês de agosto. O importante é que ainda estou firme e forte, pronto para superar os (espero) agostos da vida.

PS: Perdão aos aniversariantes de agosto. Não tenho nada contra vocês amiguinhos. O mês que vocês nasceram é que é uma bosta. Exclusivamente ele.

Força, Andrade

No último domingo, passou no Globo Esporte, uma entrevista com o ex-jogador e ex-treinador do Flamengo, Andrade. Foi tocante ouvir o cara falar sobre o seu estranho ostracismo, injusto por sinal. Nem sou flamenguista, aliás, nem tenho time, mas não se pode ignorar que ele é o atual treinador campeão brasileiro, um grande feito e isso não se conquista ao acaso. Andrade foi esquecido pelos clubes e pela grande imprensa que simplesmente quando um time perde o seu técnico nem o cita como um dos nomes para o cargo. Ninguém o chama e o cara só quer seguir adiante conseguindo um contrato em algum clube e mostrar o seu trabalho. E potencial para isso ele tem.
Não desejo acreditar que o motivo principal disso tudo seja talvez o racismo. Pode até ser esse que seja um dos motivos, colocar um negro num cargo de chefia, ainda é raro no Brasil. Ou talvez seja receio por ele ser um treinador novo no mercado. Cria-se uma certa desconfiança.
Até mesmo a demissão dele foi estranha. Se bem que o Flamengo estava uma zona. Jogador saindo em foto com arma na mão, ao lado de traficantes, orgias, crimes etc. Pode-se imaginar que isso seja culpa de alguém ali dentro e sobra pro técnico. No meu ver o trabalho do técnico deve ser só ali nas quatro linhas. O que o cara faz vida afora é responsabilidade de quem o contratou.



O que eu penso mesmo é que o problema esta na personalidade do Andrade, da sua permanente serenidade. Até um pouco semelhante com a minha. A diferença é que a minha calma é apenas aparente, por dentro estou explodindo de raiva o tempo todo.
O que estou tentando dizer é que o mercado de trabalho em geral não gosta de gente como nós. Isso contastei pelos inúmeros “nãos” que recebi (e ainda recebo) em processos seletivos. A questão é que o agressivo mercado de trabalho não absorve gente simples, gente pacata. Eles querem gente vibrante com sangue no olho que só visa a competitividade acima de qualquer outra coisa. Com uma certa segurança arrogante de aparentar sempre aparenta que sabe o que esta fazendo (mesmo em certos casos não sendo verdade) e segura que se autopromove e diz que é o melhor nisso que faz. Ser honesto, humilde, simples não pode ser visto como fraqueza e quem é assim não merece ser punido. Não significa que ele será um trabalhador medíocre. É só olhar o Andrade: na primeira grande oportunidade que ganhou saiu vencedor.
Infelizmente a humildade nos dias atuais é um crime. O que o pobre cronista desempregado pode dizer é que ele continuará criminoso e sincero. Tão sincero que em entrevistas de emprego escreve na ficha que seus interesses são comer e dormir. Mas esse sou eu e não sou exemplo pra ninguém. Espelhem-se no Andrade e perdoem a minha preguiça e inutilidade.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Ira Dos Vinte Anos

Com este título, você deve estar pensando que eu pretendo plagiar o livro de poemas do Álvares de Azevedo. Adoro o cara, me identifico com suas poesias, tenho meu lado porra louca ultra-romântico, mas não sou um grande fã de poesia. “Eu não sei fazer poesia... Mas que se foda!”, como diria o Chorão do Charlie Brown. Só sei escrever essas bobagens que aqui posto. Na verdade já tinha pensado no título desta crônica meses atrás muito antes de escrevê-la. Isso porque este momento de clímax estava se aproximando: meus vinte anos, misturados com muita raiva interna. Daí a ira.
Bem, meu aniversário acontece todo ano no dia de 10 de setembro. Coincidência não? Nasci lá pelas 8 horas do ano de 1990. Não lembro bem de mais detalhes...
Engraçado que eu estou percebendo que um monte de gente que eu conheço faz aniversário esse mês. Até meu ídolo, Adam Sandler faz aniversário no dia 9. O rapper Ludacris também é um filho de setembro, faz no dia 11. Coitado. Eu que não queria ser ele. Pra vida toda irão fazer associação com as torres gêmeas.
A minha teoria de porque isso acontece, de porque a taxa de natalidade é tão alta nesse período é baseada na matemática. Subtraindo nove meses, o período de gestação de uma mulher humana do sexo feminino (redundância proposital ativada!), chegamos á aquele período de final de ano, de festas, férias e celebrações em que a rapaziada bebe champanhe e outras bebidas alcoólicas pra caralho. Aí faz o que não deve e já viu. Como diriam os filósofos do grupo É o Tchan “Depois de nove meses você vê o resultado”. Indesejada ou não gravidez é gravidez.
Bom, escrevi isso um dia antes do meu aniversário. Em 24 horas chego aos 20. Estou inspirando meus últimos momentos de teenager. Não foram muito bons, mas deixarão saudades. Já até me sinto decadente mesmo sendo tão jovem. Não vejo mais graça em certas coisas e em alguns momentos que me exigem seriedade fico na maior babaquice. Não entendo muito esse lance de ser adulto, mas pelo que estou vendo é um saco. Exibicionismo, puxar-saco, cobrança, conservadorismo. Percebo de antemão que as coisas vão piorar.
O que importa é que pelo menos cheguei até aqui, completando duas décadas de vida. Nem acreditava que ia viver tanto tempo. Em 2007 tinha umas dores de cabeça tão loucas que achava ate que ia morrer. Sobrevivo bem, fisicamente pelo menos.
O impressionante é que ainda sou o mesmo. Minha evolução mental estagnou nos 13 anos. Isso é bom ou ruim? Ser que nem o Pikachu e não evoluir por livre escolha? Ser um ser imutável? Aliás, é normal um homem adulto de barba na cara (cavanhaque pelo menos) se equiparar a um Pokémon?
Seja você mesmo, é o que dizem. Eu tento. Não me beneficia em nada mais eu insisto. Ainda não atingi a desejada felicidade. Nem sei bem o que ela significa. Pode ser que signifique enfim conseguir uma namorada que goste de mim de verdade e não uma solteirona desesperada que fica comigo esperando algo melhor, a esperada independência financeira pra eu gastar meu salário todinho em bala, fazer sexo na lua fantasiado de esquimó, felicidade deve nascer nesse tipo de coisa.
Não é bem isso. Felicidade não são conquistas materiais. È um estado de espírito. Algo imperceptível, quando a encontramos não a percebemos. Ou só a percebemos quando a perdemos?
Mudando de assunto, quando eu tinha 17 anos li o mangá Great Teacher Onizuka e achava engraçado o fato do cara ser um professor de 22 anos de idade virgem ainda. Estou chegando aos 20, continuo virgem (neste mesmo sentido que você está pensando) e não vejo mais graça nenhuma nisso. Isso que é sentir na pele o drama de um personagem.
Chegou o momento dos meus costumeiros parágrafos de encerramento e da conclusão séria. A minha ira dos 20 anos se justifica pelo fato de que me fudi muito até hoje. Lógico que a minha vida não e só desgraça. Tenho meus momentos de alegria que me fazem muito bem e são ate mais significativos que os ruins. Mas os maus momentos prevalecem e ignorar isso seria um insulto a minha inteligência. O que importa é que mesmo nos maus momentos tive a oportunidade, ou melhor, a sorte de conhecer pessoas maravilhosas ao longo desses anos. Poucos que eu conheci eram canalhas, e estes prefiro nem lembrar. Agradeço a entidade lá em cima que nos olha seja ela Deus, Buda, Alá, Zeus, Odin, Obi-wan, por tudo pelas experiências e obrigado a todos vocês por volta e meia darem atenção a um pobre tolo incompreendido chamado Christian.
A propósito quem me mandar um recadinho de aniversário já vai fazer parte da minha herança. Todo ano somente meu pai e minha mãe, por razões óbvias lembram do meu aniversário. Meu telefone fica mudo o dia inteiro, minha página de scraps fica inalterada como sempre e já estou cansado de fazer esse tipo de piadinha lamentável-sofredora. Nem estou pedindo pra irem daqui a 40 anos no meu enterro. Mas não se empolguem com a minha “herança”. Só possuo uma flauta Yamaha, um violão Memphis, uma baqueta (isso mesmo, só uma!), uma coleção completa de mangás dos CDZ, meu óculos, minha mochila, alguns tazos, roupas usadas e remendadas e um monte de livros velhos embolorados...Alguém vai querer essas tralhas?

Separações Fazem Parte Da Vida

Todo texto meu é originário de um diálogo, com minha própria consciência, que tive em algum momento de ócio, ou se preferir, pura falta do que fazer. Esses pensamentos surgem de forma espontânea e ficam martelando na minha cabeça durante um certo tempo. Assim, fico com várias perguntas internas sem resposta. Em vez de procurar uma pessoa e conversar como um ser humano normal (coisa que não sou) eu fico escrevendo, registrando, de modo que eu, posteriormente, consiga pensar melhor sobre tais assuntos. Às vezes sai merda, às vezes sai algo que presta. Tenho a impressão que dessa vez a crônica se enquadra na segunda categoria.
O assunto é separações. Nem me refiro ao lado amoroso. Do falando da separação de grandes grupos dos quais todos nós fazemos parte. Não me refiro a surubas, nem a casas de swing. Somos todos jumpers. Não igual ao filme do Hayden Christensen, mas somos jumpers. Vivemos saltando de ambientes em ambientes sociais distintos. Conhecendo pessoas novas. Só esse ano, por exemplo, eu estive em uns 10 ambientes sociais diferentes (cursos, oficinas, treinamentos, trabalho etc) cada um com mais ou menos 20 pessoas. Isso significa que em um ano vi praticamente uns 200 rostos novos.



O que elas representam na minha vida? Nada absolutamente nada. Expressei-me mal. Não posso ser tão insensível quanto fui no passado de considerá-las apenas como meros aglomerados de pessoas. Não extrai nenhum grande amigo desse grupo todo. Pelo menos não fiz inimigos. Será que isso é correto? Cada um comparecer só por conta de seus objetivos egoístas? Deixar as pessoas de lado e deixar de se importar com elas? De conquistá-las, abraçá-las, confiar nelas ser um companheiro, um grande amigo?
Fazia até um tempão que eu havia lido, mas me lembrei de uma lição que aprendi lendo GTO. Não o site Grandes Tolices do Orkut. Refiro-me ao mangá Great Teacher Onizuka que vivo citando neste blog. O que posso dizer? O mangá é bom demais, poxa... Por trás da violência e da sacanagem passa umas mensagens de vida bem legais. Melhor do que as passadas em RBDs e Malhações da vida...
Enfim, no capitulo 161 ”Como Enturmar Um Recluso”, Onizuka tem a obrigação de fazer com que um garoto filho de um Yakuza volte à escola estudar. O moleque estava desesperançoso e se recusava a comparecer porque julgava que todos aquelas amizades que ele possuía eram falsas, forjadas, e que só o tratavam bem por ser filho de um criminoso. Ele tem esse pensamento, porque quando sua mãe morreu ninguém compareceu ao enterro dela para lhe dar algum tipo de apoio emocional. Com certeza uma situação bastante desagradável que até justifica um pouco sua conduta reclusa.
Então Onizuka Sensei dá, mais uma vez, uma lição valiosa. Coisa que os professores deveriam fazer mais vezes na vida; coisas que não são ensinadas nos livros escolares. Ele disse que aquilo era normal, acontecia com todo mundo. Metade das pessoas que conhecemos está esperando conseguir algo melhor e a outra some quando terminamos os estudos. Não é uma tragédia exclusiva da vida de ninguém. No meu entender, isso nem é amizade. É apenas uma espécie de companheirismo eventual. Tais pessoas são apenas colegas que temos em algum momento de nossas vidas. Panelinhas são construídas e descontruídas frequentemente.
Continuando, Onizuka diz que em algum momento, mais cedo ou mais tarde, aparece uma pessoa que aconteça o que acontecer, não foge da raia, não importa o quão feio as coisas fiquem. Um amigo pra toda vida.


Esse é o tipo de pessoa que não devemos deixar escapar. Aquele tipo de pessoa que você tem confiança de ligar para ela às quatro da manhã, sem vergonha alguma. Se ficarmos confinados e isolados do mundo, as chances de conhecer alguém assim praticamente se anulam.
Lembrei também do desenho do Doug, que via na infância e que passava no Disney Club. Em uma temporada ele teve que se separar da Paty Maionese, uma amiga, pretendente à namorada que ele gostava pra caralho. Isso por que ela iria estudar em uma escola diferente, se não me engano. Eu na época em meados do meu ensino fundamental achei aquilo chocante tanto que lembro até hoje. Senti a tragédia do personagem e pensei que aquilo nunca ia acontecer comigo, praticamente minha turma do jardim de infância foi a mesma até a quarta série quando mudei de escola. Mudei e nunca mais vi ninguém daquela época desde então...



Isso faz parte do jogo da vida. Ganhamos e perdemos o tempo todo. Pessoas vêm e vão. A primeira mudança e sem dúvida um pouco assustadora, mas com o tempo vamos nos acostumando. Ficando mais insensíveis e conscientes de que o presente passa, ou melhor: termina. As equipes desintegram-se, sejam lá qual for o seu tipo. Empresariais, atléticas, estudantis. Porém as pessoas permanecem. Se você gosta de verdade de uma delas, abra seu coração, e desembuche logo babaca. Antes que seja tarde demais. Você pode se surpreender. Até agora não fiz isso, mas ao menos pensei nesta hipótese. Ainda chego lá.

Número 8

Não acredito seriamente na  numerologia. Mas sem dúvida existem coisas que se estão aí repetitivamente em nossas vidas. Dizer que se tratam apenas de coincidências seria ceticismo demais. Como o número 23 naquele filme do Jim Carrey. Posso dizer que o número da minha vida é o número 8. O dito cujo volta e meia está aparecendo em minha vida quando eu menos espero.



Acho que ele me representa bem. Possui uma forma arredondada que lembra um pouco a minha aparência física eterna de bolão bonachão. O próprio nome “oito” rima e nos submete a lembrar da palavra “biscoito”, petisco que qualquer gordo adora se empanturrar em uma tarde de fim de semana.



O número oito se girado a 90 graus forma um símbolo de infinito. Algo vazio, mas grandioso ao mesmo tempo. Também remete a forma de dois olhos sem pupilas, simplesmente vazios e sem foco em nada, apenas distantes inclusive daquilo que lhe está próximo.




O formato lembra também um número zero distorcido, meio que enlouquecido. Um zero à esquerda que surtou e enroscou-se em si mesmo. Lembra a alguém?
Oito é geralmente o número dos volantes no futebol. Não costuma ser número de camisa de craque. Atletas de número oito não chegam a ser um 10 habilidoso geralmente. Como um Gattuso da vida que trabalha mais na raça do que na graça. Nem por isso é desprestigiado. É meu ídolo nos gramados, trouxe uma UCL pra nós milanistas e é com certeza idolatrado por vários outros torcedores do Milan pelo mundo. Talvez seja ídolo de até torcedores de outros clubes.



Acredito que vivo a minha vida exatamente nesta faixa. Entre a mediocridade e a quase perfeição. Entre o 7 e o 9. As variações existem, um pouquinho mais ou um pouquinho menos: tudo é basicamente oito na minha vida. O que vale realmente é o todo, o conjunto da obra. O não chamar a atenção e a discrição silenciosa costumeira. Nem positivamente, nem negativamente. Apenas mediano o que não é motivo de se envergonhar nem de se vangloriar porque sempre existirão pessoas melhores que eu, embora eu consiga me sobressair a muitas pessoas também. Com um oito dá pra se safar em qualquer coisa. Se enganar pensando que foi bem e enganar os outros pensando que você é o cara.
Número de chamada, número de médias em avaliações repetitivamente oito. Sempre oito. Enquanto eu ficar por aí estarei bem... Assim espero! O único 8 que não gosto é o do mês de agosto mas essa história fica pra próxima semana.