quinta-feira, 24 de junho de 2010

I Cry

Ok, hoje não vamos banalizar o choro. Chorar é algo perfeitamente normal. O problema é que hoje em com essa emomania juvenil, o ato de chorar acabou ganhando uma conotação negativa demais. Aliás, isso até com um pouco de razão; particularmente acho os emos ridículos. Gente egoísta e depressiva que só sabe enxergar os próprios problemas, olhar o próprio umbigo, olhar o próprio rabo o tempo todo. “Papai não gosta de mim”, “Fulana não retribui meu amor” etc. Eu também tenho os meus momentos de ficar meio down, mas não me entrego permanentemente assim desse jeito, nessa tristeza bisonha de poser pra se enturmar com outros coleguinhas de cabelo de franja lambida e lápis no olho. Levanto, sacudo a poeira e me preparo pra me fuder novamente em outra oportunidade. E eu falando isso se eu servisse de exemplo para alguém...



Você chora geralmente quando sente dor. Na infância isso fica bem mais explícito; qualquer pancadinha resulta naquele baita berreiro, típico de criança remelenta. Isso por conta da alta sensibilidade delas e inexperiência das dores do mundo. Mas isso é somente dor física. Quando você cresce, não é qualquer pancada que vai lhe trazer lágrimas aos olhos, além do mais, as coisas vão se tornando bem mais complexas. O choro para os adultos ocorre mais em situações emocionais específicas. Principalmente tratando-se de certos brucutus insensíveis feito eu.
Nem choro mais com ofensas dirigidas a minha pessoa. Como na música “Many Men” do grande filósofo americano 50 Cent, posso dizer que em relação a isso, “I don’t cry no more”. Fico puto com o maldito inimigo-ofensor, como qualquer outra pessoa ficaria numa situação dessas. O que ocorre é que simplesmente engulho aquilo que me foi dito e sigo adiante. Fico chateado, não dou muita importância e procuro esquecer logo. Costumo descontar nos objetos inanimados depois...



Isso significa que eu não choro? Claro que não. Só significa que é mais difícil para mim, me render às lágrimas. O choro para mim é algo que ocorre raramente. Para se concretizar ele precisa vir acompanhado de algo realmente forte. Não físico. Com um critério de fazer emocionar e refletir de forma positiva. Esta é uma capacidade que uma luz na escuridão como uma alegria repentina pode proporcionar. Tem origem aí em mim o famoso choro de felicidade.
Por exemplo, ano passado assisti bem no final do ano no TCM, aquele filme antigo clássico ”A Felicidade Não Se Compra”. O enredo é aquele de filme natalino que hoje em dia já ficou batido: o carinha deseja que nunca tivesse nascido e se arrepende no final, esse chilique se deu porque por causa de inimigos, ele ficou endividado e seu banco foi a falência. O foda é que como assisti em época de natal (especificamente na madrugada natalina), sozinho na sala de estar da minha casa, tudo ficou mais dramático. O sentimentalismo nessa época e realmente muito forte. O Natal vem como um catalisador de sentimentos, sejam eles bons ou ruins; se você estava sozinho antes, nessa época fica mais ainda. Enfim, nesse dia eu chorei. O último choro legítimo que tive até o presente momento e um dos que mais me marcaram na minha vida.
No final George Bailey, o protagonista, enfim consegue com que a sua existência se restaure e retorna para casa junto a sua família. Ele fica contente, não se importando mais com a falência do banco, dizendo-se feliz por estar cercado das pessoas que ama. Aí de repente, começam a aparecer em sua casa, pessoas de toda a cidade, que foram convidadas pela sua mulher, contribuindo para a salvação dos seus problemas financeiros. Isso porque ao longo de sua vida, George os ajudou em momentos difíceis, sendo por isso querido por todos, por ter uma permanente conduta honesta e solidária. Ele consegue arrecadar dinheiro o suficiente e recebe um bilhete com a frase “Lembre-se que nenhum homem é um fracasso se tem amigos”. Caem os créditos e junto, caem as lágrimas em meu rosto. Mensagem marcante que sempre irei recordar. Inesquecível.



A outra vez que chorei de verdade e que eu me lembro foi há um tempo atrás, bem antes desse dia. Aliás, uns três anos antes, especificamente no ano de 2006. Vi a garota que eu amava, beijando outro cara: ela tinha namorado e eu desconhecia esse fato. Demorei pra falar com ela e outro foi mais ligeiro. Cheguei em casa no fim do dia e chorei feito uma pirralha de 10 anos que perdeu a sua boneca Barbie favorita. Nesse caso, meu choro além de cômico, foi bem infantil...

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