quinta-feira, 27 de maio de 2010

Manhãs De Domingo*

Durante toda a minha vida nos domingos eu ia pra igreja de manhã; tendo família católica meio que tinha obrigação de ir. Nunca gostei muito e quando me dei conta, de um dia para o outro, deixei de ir definitivamente. Mas não me rendi ao ateísmo juvenil, se é o que está pensando.
Com esse horário vago no fim de semana, resolvi preencher com outra atividade algo mais físico. Não odeio meus familiares, mas ficar um dia inteiro com todos eles é complicado, insuportável. Todo mundo precisa de um tempo e um espaço para arejar a sua cabeça e organizar as idéias. Coisa que meu casebre não permite por ser pequeno. Nem tenho meu quarto e a sala mal tem cadeiras pra todo mundo. Então vou para rua mesmo.
Essa foi a solução. Não ir pra rua morar nela, só andar um pouco até as pernas cansarem e a garganta pedir água. E depois voltar pra casa na hora do almoço comer e ver um futebol, quando tem jogo do Milan melhor ainda. A diversão de ser um andarilho a esmo sem destino e sem caminho definido não tem preço. Que romantismo. Tal qual um autêntico vagabundo moderno.
È maravilhoso fazer isso, particularmente nas manhãs de domingo. Você consegue dar umas escarradas de catarro verde e grosso no asfalto, peidar, arrotar, coçar o saco; tudo isso sem receber nenhum olhar de censura de um desconhecido. Você divaga, esquece que está vivo e pensa em um monte de merda; no último domingo eu me peguei imaginado se meu cuspe ia evaporar e virar chuva, quantos quilos de maconha o Gamabunta, aquele sapão de 20 metros do Naruto, carrega no cachimbo, esse tipo de coisa... Que autismo!



Bom mesmo é que não tem ninguém na rua para te olhar torto. Isso porque nos dias de semana normais, meu olhar de maluco desfocalizado assusta as pessoas. A vontade que me dá é de aplicar um drop-kick nos desgraçados. Nos domingos, isso pouco acontece, razão de minha felicidade nesse dia. Lógico que há algumas poucas pessoas, geralmente famílias passeando na rua, e aí eu faço até o favor de atravessar a pista pra não assustar as crianças. Enfim, só assim, tenho um pouco de paz e me torno o dono, o mister supremo do asfalto.

PS: Qualquer referência a música Sunday Morning do Maroon 5 é mera coincidência.

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