quinta-feira, 29 de abril de 2010

Violência Carioca

Em 2007 eu estava numa fase mais atlética da minha vida. Nada de dieta, academia ou bobagens desses tipo porque eu não suporto. Meu exercício era andar, sempre que possível. Evitar ao máximo os ônibus. Não suporto num fim de dia ficar que nem sardinha enlatada. Ia a pé do colégio pra casa e saia da aula lá no comecinho da noite.
Em busca de caminhos alternativos, buscava outros caminhos pra evitar a rotina. Sempre vinha pela São Januário e um dia resolvi vir pela General Argolo. Era de tarde e a rua é bem íngreme, uma verdadeira subida que dificulta correr. Senti um puxão por trás da mochila e pensei que era algum conhecido querendo assustar. Só que não era nenhum conhecido... Eram dois caras mal-encarados. Relaxe não fui estuprado. O crime foi outro. Ali fui assaltado pela primeira vez na minha vida. Que saudosimo!
Sozinho e com cara de bobo devo ter parecido um alvo fácil. Nem reagi e entreguei a mochila. Tinha uns livros, dez reais, meu mp3 player novinho de dois meses de uso. Até ai tudo bem, ou quase. Coisas materiais nem ligo muito, compram-se outras e fim de papo. Paciência. Como sou pobre ia demorar pra recuperar tudo. Um problemão mas fazer o quê. O que me deixou fulo de verdade, foi que dentro da mochila tinha o meu caderno com as histórias em quadrinhos do Grotesco-Man originais, criadas pela minha própria cabecinha e criatividade, e agora totalmente perdidas pra sempre. Irrecuperável.



Em casa, pensou que sentiram pena de mim? Porra nenhuma. Minha mãe me deu um esporro daqueles. Quem mandou andar sozinho em rua deserta? Provavelmente ela deve ter pensado que meu objetivo do dia era andar pela rua e ser roubado. E ainda contava a história pra tudo que era gente. Tudo o que eu queria. Sem contar que tive de aturar certos comentários engraçadinhos de conhecidos, que disseram que meteriam a porrada nos caras se tivesse acontecido com eles. Até mesmo porque eu não reagi. Reação é o que se espera de um cara de noventa quilos e quase dois metros de altura, não é mesmo? Mas sou tão banana que nem me liguei, na verdade sequer briguei na minha vida até hoje. Um tolo pacifismo constante de minha parte? Talvez.
Hoje no ônibus, um homem corpulento, com cara de tiozão foi abordado por um desses vagabundos que entram pulando do nada pela janela. O que o grandalhão fez com o franguinho de cabelo vermelho foi do caralho. Nem bateu nele, mas ameaçou tanto que o cara se borrou de medo. Diante de tamanha humilhação e fracasso no seu intento, até pediu pra sair do ônibus e o motorista negou, claro. Tem gente que só é corajoso na frente de gente comum e humilde, na frente de verdadeiros criminosos afinam. Se bem que não foi o caso dessa vez, o marginal que foi sacanear trabalhador se fudeu. Só devia ser drogado, pra assaltar ônibus. Até o motorista, que era de comunidade jurou ele de porrada, em apoio. Disse que quando chegasse no ponto final ia ter uma surpresinha pro vagabundo. Na primeira oportunidade o marginal saiu do ônibus apavorado pela Central do Brasil. A tática de intimidação é boa, vou tentar algum dia, espero honestamente até que nunca. Ser roubado não é nada legal e reagir não é o indicado, exceto quando ás vezes, com sorte dá tudo certo. Mas se não dar certo, vocês sabem... Game over!

2 comentários:

  1. Anônimo25/5/10

    fase atlética sei... tu ia a pé pra olhar bundas. pelo menos foi o q tu me contou

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  2. eeee sem comentários!

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