sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Fim Não Tem Fim*

Lá no comecinho de 2009 eu acredite se quiser, estava trabalhando. Era tipo um entregador de documentos. Meio período, meio salário. Apenas algo para não ser taxado de inútil em casa e dar a mim mesmo um pouco de tranquilidade. Uma vez, fiz uma entrega num desses edifícios do Centro do Rio, repletos de escritórios, centrais administrativas, burocracias de empresas essas coisas chatas. Sério, se eu trabalhasse num lugar desses teria tendências suicidas ainda maiores... 
Continuando a história eu entreguei uma fatura para um homem lá na faixa dos trinta anos de idade. Ele pediu que eu aguardasse enquanto ia à sala do gerente ou o sei lá o quê do lugar entregar o documento e voltar com o recibo de entrega assinado. Olhei para mesa de trabalho do sujeito e vi uma foto. Ele, uma mulher e uma menina, provavelmente sua esposa e filha. Todos felizes, sorrindo. Com o recibo em mãos me retirei do local e tomei a condução de retorno. 
No trânsito congestionado comecei a filosofar sobre a vida. Não escolhemos nossa origem, nem nossos pais, mas somos capazes de dar origem à outra vida. De ser de certo modo maestros de outra vida. Um ciclo interminável; pais geram filhos, filhos se tornam pais e tudo começa novamente. E isso sempre acarretará responsabilidades dos progenitores. Como esse homem, suportando um emprego entediante, ao menos para mim, dia após dia. Tudo para garantir o sustento, o bem estar das duas mulheres da sua vida.
Esse amor faz brotar uma motivação profissional que é gerada pela emoção familiar, o que realmente torna as coisas mais suportáveis. Isso é uma teoria minha, longe de mim dizer que o cara estava ali sem gostar do que fazia; apenas estou especulando e me colocando num lugar que nunca estive. É bom topar com esse tipo de gente De certo modo elas me causam inspiração. Vontade de seguir adiante vivendo intensamente os bons momentos, que sim, a vida é capaz de proporcionar. Invejo-te companheiro, mas é uma inveja sem rancor algum. Seja lá onde estiver te felicito e reitero invejo-te.

*Referência ao videoclipe “The End Has No End” dos Strokes.

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