quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tão Longe, Mas Tão Perto De Você...

No último sábado o tempo estava muito feio, bem esquisito mesmo. Frio, cinzento, nublado, sem brilho no céu. Por causa disso, desanimei de caminhar pelo meu querido bairro sem ruma algum, como faço, ocasionalmente, no meu sagrado ócio de fim de semana. Além do mais, como sempre, mais uma vez, meus bolsos se encontravam vazios, inutilizando qualquer tipo de pensamento a um passeio mais longínquo.
O que fazer em uma circunstância dessas, assistir televisão? Nem gosto muito, além de ter que aqui em casa praticamente disputar no tapa o controle da televisão para assistir algo que me agrade. A solução foi passar o sábado navegando na net. Quando cansei de procurar noticias e outras bobagens na web, resolvi conversar virtualmente com outras pessoas.
Entrei no MSN e nenhum contato meu estava online. Chateado e querendo desesperadamente conversar com alguém para trocar algumas idéias e tapear a minha solidão acabei entrando no Chat Uol para conhecer novas pessoas e adcionar novos contatos.
Inventei algum nickname idiota que nem me lembro e entrei. Diferente de outras ocasiões nem fiquei teclando obscenidades para as meninas da sala virtual tampouco fiquei questionando a sexualidade dos meus “concorrentes”. Estava carente e saia perguntando pra primeira garota que entrasse na sala se gostaria de namorar comigo. Deprimente eu sei...
Bom o que importa é que uma daquelas garotas era diferente. Fazia questionamentos diferentes, não usava aquelas típicas frases feitas que essas meninas de hoje usam para responder xavecos fuleiros iguais os meus. E eu até que me sai bem nas respostas. Pedi com gentileza o MSN dela para teclarmos mais à vontade. Usei como argumento o fato de que teclar em uma sala virtual não seria muito conveniente para ambos, porque a conexão de um dos dois poderia cair a qualquer momento e jamais poderíamos conversar novamente. Ela achou cômico e nem deu muita importância. Segundos depois ela saiu da sala. Pensei que era o fim. Justamente, quando em meio a tantas sequeladas desmioladas fãs de Restart encontro alguém mais compatível comigo, com um papo legal ela some. Que azar!
Mas, dessa vez não fui tão azarado como de costume. Ela entrou novamente mandei logo um “eu não te disse”, ela riu e aceitou me dar o MSN dela. Disse que nunca havia feito aquilo, dado o MSN a um desconhecido e pediu que eu não a decepcionasse, não a fizesse se arrepender. O desafio estava lançado.
No MSN, inicialmente eu a achei meio chata, meio desconfiada demais, mas com o tempo ganhamos confiança um no outro e teclamos como se fossemos velhos amigos. No primeiro momento não mostrei minha foto com medo de rejeição, mas quando fiz isso ela não deu muita importância a minha aparência, meu modelo de beleza, digamos, pouco convencional. Ela era uma linda moreninha com cara de criança, 19 anos, solteira (que bom!), professora, estudante de direito e residente de Vassouras, um tanto longe de mim. Pelo que vi a viagem de onde moro até lá dura 2 horas de ônibus. Nem tudo pode ser perfeito não é mesmo?
O que importa é que em uma circunstância dessa qualquer um se apaixonaria imediatamente e coisas como a distância acabam não pesando, não adquirindo importância.. Eu pedi seu telefone e ela disse que eu para isso eu tinha que conquistá-lo, fazer merecer isto. Mostrar para ela o meu verdadeiro eu, contar coisas que eu nunca havia falado a ninguém. Falamos sobre nossas crenças, nossas esperanças, nossos amores, nossas decepções. Fiquei de 16 e 45 até as 22 horas conversando com ela sem parar naquele sábado frio e cinzento, trocávamos carinhos e palavras doces que aqueciam nossos corações. No domingo aconteceu praticamente a mesma coisa. Sem perceber eu havia me viciado naquela doce menina. Foi tão bom. Meio que conseguia senti-la perto de mim. Como se estivéssemos ligados por alguma coisa, por alguma conexão espiritual.
Ela me pediu um abraço. Eu demorei a responder. Não entendi o seu pedido, não compreendi o sentido daquilo. Respondi que não dava para abraçá-la, por estarmos separados virtualmente. Aí ela me ensinou algo muito importante. Que abraços podem ser sentidos de longe. Basta fosse sentir a outra pessoa com amor. Tão meiga essa menina. Digito seu nome e ela sempre me responde com um sorriso. Já ate chamamos um ao outro por apelidos. Não contarei porque isso é coisa intima de um casal...
Mostrei o blog para ela. Esse mesmo que você está lendo. Ela gostou disse que tenho talento, que escrevo bem, mas que deveria maneirar nos palavrões. Evitá-los. E também falou que não gostou da descrição que fiz de mim mesmo aqui, como simplesmente ”misantropo, bruto e estúpido”. Eu disse que usar palavrões e me autodepreciar eram apenas algumas ferramentas que uso para ser engraçado na vida literária. Pensando bem, também faço isso bastante na vida prática. Bom, ela disse que eu era um garoto inteligente, mais do que a maioria, pelo menos, e não precisava desse tipo de besteira para ser engraçado. Também mencionou que conhecia pessoas que começaram escrevendo em blogs e que fizeram sucesso depois publicando livros. Que essas besteiras que escrevo de forma constante segundo ela desvalorizariam meu trabalho, muito bom na sua avaliação. Como ela é professora (e gatinha por sinal, queria ter tido uma dessas) resolvi ouvir o conselho. Até a convidei para ser minha editora nesse modesto blog, afim de verificar os meus constantes erros de gramática e concordância, mas ela rejeitou, disse que não quer ter essa responsabilidade. É muito gostoso saber que alguém se importa com você de verdade.
A palavra final de hoje é mudança. A partir de agora haverá algumas mudanças nessa minha diversão semanal de escrever que compartilho com vocês caros amiguinhos de longa data e desconhecidos que aqui entram sem querer querendo. Não é o fim do mundo, meu blog sem palavrões. Nem sei porque estou fazendo esse drama todo. Você, meu público, é bem escasso mais é fiel. Por isso as devidas justificativas prévias.
Por isso oficialmente declaro que a partir de agora não escreverei mais palavrões aqui em respeito a minha amada professora de 19 anos e futura advogada que sustentará o pobre futuro jornalista, atualmente desempregado. Brincadeira. Que a minha mudança literária também venha acompanhada de uma mudança amorosa. De uma mudança de vida. O que esperavam? As mulheres mandam, não é nenhum segredo isso. De certo modo nós homens para tê-las temos que fazer certas concessões e vice-versa, claro. Para serem felizes, os dois lados de uma relação têm que ceder, às vezes. E eu quero muito o celular dela, por favor, lhes peço que mandem comentários pedindo para ela me ceder o número dela para vosso caro escritor semanal encantá-la com sua voz de varão. Nosso primeiro encontro já está marcado pelo menos, desejem-me sorte. Mal posso esperar pra vê-la. O feriadão me espera!

PS: M*****, querida, não escrevi seu nome porque não sei se você ia gostar de ser exposta dessa maneira. Você me pediu para escrever sobre você e ousei fazer isso de verdade... Não brinco em serviço, viu só? Abraço!

2 comentários:

  1. Anônimo24/9/10

    Gosto muito de um pequeno trecho de SAINTE-EXUPÉRY que diz o seguinte:“Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, É a prova de que duas almas não se encontram ao acaso”.Agradeço a Deus seu ingresso em minha vida,temos muito a acrescentar um na vida do outro nos tornando seres mais ou menos humanos,ainda não tenho uma idéia formada sobre o que seria melhor!Beijo carinhoso.Maiara

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  2. Wow! Você é incrível mesmo Maiara. Eu que lhe agradeço por ter entrado na minha vida. Além do mais em um espaço bem menor de texto conseguiu se expressar melhor do que eu.
    PS: Obrigado por se apresentar assinando o seu nome no comentário. Pelo menos prova que você é real e não estou tendo algum tipo de alucinação amorosa, sonhando com uma mulher ideal. Beijos.

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