quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Separações Fazem Parte Da Vida

Todo texto meu é originário de um diálogo, com minha própria consciência, que tive em algum momento de ócio, ou se preferir, pura falta do que fazer. Esses pensamentos surgem de forma espontânea e ficam martelando na minha cabeça durante um certo tempo. Assim, fico com várias perguntas internas sem resposta. Em vez de procurar uma pessoa e conversar como um ser humano normal (coisa que não sou) eu fico escrevendo, registrando, de modo que eu, posteriormente, consiga pensar melhor sobre tais assuntos. Às vezes sai merda, às vezes sai algo que presta. Tenho a impressão que dessa vez a crônica se enquadra na segunda categoria.
O assunto é separações. Nem me refiro ao lado amoroso. Do falando da separação de grandes grupos dos quais todos nós fazemos parte. Não me refiro a surubas, nem a casas de swing. Somos todos jumpers. Não igual ao filme do Hayden Christensen, mas somos jumpers. Vivemos saltando de ambientes em ambientes sociais distintos. Conhecendo pessoas novas. Só esse ano, por exemplo, eu estive em uns 10 ambientes sociais diferentes (cursos, oficinas, treinamentos, trabalho etc) cada um com mais ou menos 20 pessoas. Isso significa que em um ano vi praticamente uns 200 rostos novos.



O que elas representam na minha vida? Nada absolutamente nada. Expressei-me mal. Não posso ser tão insensível quanto fui no passado de considerá-las apenas como meros aglomerados de pessoas. Não extrai nenhum grande amigo desse grupo todo. Pelo menos não fiz inimigos. Será que isso é correto? Cada um comparecer só por conta de seus objetivos egoístas? Deixar as pessoas de lado e deixar de se importar com elas? De conquistá-las, abraçá-las, confiar nelas ser um companheiro, um grande amigo?
Fazia até um tempão que eu havia lido, mas me lembrei de uma lição que aprendi lendo GTO. Não o site Grandes Tolices do Orkut. Refiro-me ao mangá Great Teacher Onizuka que vivo citando neste blog. O que posso dizer? O mangá é bom demais, poxa... Por trás da violência e da sacanagem passa umas mensagens de vida bem legais. Melhor do que as passadas em RBDs e Malhações da vida...
Enfim, no capitulo 161 ”Como Enturmar Um Recluso”, Onizuka tem a obrigação de fazer com que um garoto filho de um Yakuza volte à escola estudar. O moleque estava desesperançoso e se recusava a comparecer porque julgava que todos aquelas amizades que ele possuía eram falsas, forjadas, e que só o tratavam bem por ser filho de um criminoso. Ele tem esse pensamento, porque quando sua mãe morreu ninguém compareceu ao enterro dela para lhe dar algum tipo de apoio emocional. Com certeza uma situação bastante desagradável que até justifica um pouco sua conduta reclusa.
Então Onizuka Sensei dá, mais uma vez, uma lição valiosa. Coisa que os professores deveriam fazer mais vezes na vida; coisas que não são ensinadas nos livros escolares. Ele disse que aquilo era normal, acontecia com todo mundo. Metade das pessoas que conhecemos está esperando conseguir algo melhor e a outra some quando terminamos os estudos. Não é uma tragédia exclusiva da vida de ninguém. No meu entender, isso nem é amizade. É apenas uma espécie de companheirismo eventual. Tais pessoas são apenas colegas que temos em algum momento de nossas vidas. Panelinhas são construídas e descontruídas frequentemente.
Continuando, Onizuka diz que em algum momento, mais cedo ou mais tarde, aparece uma pessoa que aconteça o que acontecer, não foge da raia, não importa o quão feio as coisas fiquem. Um amigo pra toda vida.


Esse é o tipo de pessoa que não devemos deixar escapar. Aquele tipo de pessoa que você tem confiança de ligar para ela às quatro da manhã, sem vergonha alguma. Se ficarmos confinados e isolados do mundo, as chances de conhecer alguém assim praticamente se anulam.
Lembrei também do desenho do Doug, que via na infância e que passava no Disney Club. Em uma temporada ele teve que se separar da Paty Maionese, uma amiga, pretendente à namorada que ele gostava pra caralho. Isso por que ela iria estudar em uma escola diferente, se não me engano. Eu na época em meados do meu ensino fundamental achei aquilo chocante tanto que lembro até hoje. Senti a tragédia do personagem e pensei que aquilo nunca ia acontecer comigo, praticamente minha turma do jardim de infância foi a mesma até a quarta série quando mudei de escola. Mudei e nunca mais vi ninguém daquela época desde então...



Isso faz parte do jogo da vida. Ganhamos e perdemos o tempo todo. Pessoas vêm e vão. A primeira mudança e sem dúvida um pouco assustadora, mas com o tempo vamos nos acostumando. Ficando mais insensíveis e conscientes de que o presente passa, ou melhor: termina. As equipes desintegram-se, sejam lá qual for o seu tipo. Empresariais, atléticas, estudantis. Porém as pessoas permanecem. Se você gosta de verdade de uma delas, abra seu coração, e desembuche logo babaca. Antes que seja tarde demais. Você pode se surpreender. Até agora não fiz isso, mas ao menos pensei nesta hipótese. Ainda chego lá.

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