quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Força, Andrade

No último domingo, passou no Globo Esporte, uma entrevista com o ex-jogador e ex-treinador do Flamengo, Andrade. Foi tocante ouvir o cara falar sobre o seu estranho ostracismo, injusto por sinal. Nem sou flamenguista, aliás, nem tenho time, mas não se pode ignorar que ele é o atual treinador campeão brasileiro, um grande feito e isso não se conquista ao acaso. Andrade foi esquecido pelos clubes e pela grande imprensa que simplesmente quando um time perde o seu técnico nem o cita como um dos nomes para o cargo. Ninguém o chama e o cara só quer seguir adiante conseguindo um contrato em algum clube e mostrar o seu trabalho. E potencial para isso ele tem.
Não desejo acreditar que o motivo principal disso tudo seja talvez o racismo. Pode até ser esse que seja um dos motivos, colocar um negro num cargo de chefia, ainda é raro no Brasil. Ou talvez seja receio por ele ser um treinador novo no mercado. Cria-se uma certa desconfiança.
Até mesmo a demissão dele foi estranha. Se bem que o Flamengo estava uma zona. Jogador saindo em foto com arma na mão, ao lado de traficantes, orgias, crimes etc. Pode-se imaginar que isso seja culpa de alguém ali dentro e sobra pro técnico. No meu ver o trabalho do técnico deve ser só ali nas quatro linhas. O que o cara faz vida afora é responsabilidade de quem o contratou.



O que eu penso mesmo é que o problema esta na personalidade do Andrade, da sua permanente serenidade. Até um pouco semelhante com a minha. A diferença é que a minha calma é apenas aparente, por dentro estou explodindo de raiva o tempo todo.
O que estou tentando dizer é que o mercado de trabalho em geral não gosta de gente como nós. Isso contastei pelos inúmeros “nãos” que recebi (e ainda recebo) em processos seletivos. A questão é que o agressivo mercado de trabalho não absorve gente simples, gente pacata. Eles querem gente vibrante com sangue no olho que só visa a competitividade acima de qualquer outra coisa. Com uma certa segurança arrogante de aparentar sempre aparenta que sabe o que esta fazendo (mesmo em certos casos não sendo verdade) e segura que se autopromove e diz que é o melhor nisso que faz. Ser honesto, humilde, simples não pode ser visto como fraqueza e quem é assim não merece ser punido. Não significa que ele será um trabalhador medíocre. É só olhar o Andrade: na primeira grande oportunidade que ganhou saiu vencedor.
Infelizmente a humildade nos dias atuais é um crime. O que o pobre cronista desempregado pode dizer é que ele continuará criminoso e sincero. Tão sincero que em entrevistas de emprego escreve na ficha que seus interesses são comer e dormir. Mas esse sou eu e não sou exemplo pra ninguém. Espelhem-se no Andrade e perdoem a minha preguiça e inutilidade.

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