quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O Sentido Da Vida

Qual é o sentido da vida? O homem há muito tempo procura uma resposta para essa pergunta e até hoje não conseguiu respondê-la. O significado da existência humana continua a ser um mistério, uma lacuna em branco a ser preenchida.



O senso comum diz que o sentido da vida é ser feliz. Logo, a busca pela felicidade tornou-se obrigatória na nossa sociedade. Mas e quem não consegue ser feliz? Sua vida não tem sentido? Felicidade é um sentimento, muitas vezes relacionado a conquista de algo que se deseja profundamente. Não pretendo criticar quem procura e quer ser feliz, porém é preciso lembrar que nem sempre conseguimos tudo que queremos. É preciso tentar, entretanto é necessário estar preparado para o pior. Nem sempre o mundo é benevolente com os nossos desejos mais profundos.



Em várias oportunidades em que disse a mim mesmo “Vou ser feliz”, me dei mal. É angustiante desejar algo de coração e não conseguir. Você se sente profundamente decepcionado e as pessoas não te entendem. Falam que é normal, que é assim mesmo. Não se solidarizam e você acaba sentindo pena de mim mesmo. Por essas e outras, percebi que meu propósito na Terra certamente não é tentar ser feliz. A procura pela felicidade só me trouxe infelicidade.



O sentido da vida é um profundo questionamento filosófico. Muitos decidem procurar uma resposta na religião. É a clássica história do sujeito que sente uma sensação de vazio em seu interior, resolve deixar de lado a razão e passa a crer que sua vida faz parte de um plano maior elaborado por uma criatura divina onipotente. Tudo transcorreria de acordo com a vontade de Deus. O sentido de sua vida passa então a girar em virtude de uma devoção a uma entidade invisível e incomunicável. Os religiosos que me perdoem, mas essa busca pelo sentido da vida através da fé, não faz o menor sentido para mim. 
Posso estar enganado, é claro. É inegável, contudo, que a vida após a morte é uma incerteza. Por essa razão, acho arriscado levar uma vida baseada na fé e regida por dogmas religiosos. Sei que as pessoas religiosas creem que serão salvas na eternidade, mas isso é muito incerto. A morte é a única certeza. As pessoas não gostam de pensar muito nisso, mas é a verdade. A morte dança com todos. 



A religião serve de consolo para os que temem a morte, afirmando que há vida após ela. As pessoas obviamente querem ir para o céu, logo se submetem à normas de boa conduta de suas religiões, com o intuito de chegar ao paraíso. A fé, alimentada durante anos, faz a pessoa crer que no fim de sua vida, quando tudo ficar escuro e o sentidos lhe abandonarem, uma criatura celestial aparecerá para levá-la ao outro mundo. Essa seria a vinda não só da luz no fim do túnel, como também de todas as respostas sobre a existência. 



Mas e se tudo continuasse preto e não aparecesse luz nenhuma? Fiz essa reflexão assistindo ao filme O Sétimo Selo. Na história, um cavaleiro medieval questiona a Morte a respeito do sentido da vida, da fé e da existência de Deus. No final, o cavaleiro morre sem obter qualquer resposta.



No fim de nossas vidas passaremos por um aterrorizante escurecer, assustador, mas previsível para aqueles que nunca acreditaram em nada além disso. Céu e inferno são criações do homem. Quem crê nisso corre o risco de sofrer uma agoniante decepção nos seus instantes finais de vida, pois há a chance de não ocorrer nenhuma revelação divina. A certeza que temos é a de que somos mortais. Contudo, o medo da morte não pode nos fazer esquecer de viver. 
Por isso, por mais redundante que possa parecer, acho que a resposta para o sentido da vida deve estar na própria vida. Porém, a vida não pode ser vista como uma unidade. Ela é única sim, mas para cada pessoa. Todos têm vidas únicas e diferentes. Cada vida, portanto, adquiri um sentido diferente, que deve ser descoberto por cada um de nós. Não devemos nos perguntar qual é o sentido da vida, mas sim qual é o sentido de nossas vidas.
As pessoas costumam construir um sentido para as suas vidas baseado na religião, no trabalho, na família. Algumas baseiam suas vidas em torno de nada. Não acho que seja obrigatório escolher um sentido para a própria vida, mas acho muito triste uma pessoa viver sem qualquer tipo de propósito ou objetivo. 



Também vale ressaltar que a resposta para o sentido da vida não é absoluta. Ela é mutável e pode variar ao longo da nossa existência. A complexidade da vida prevê isso, já que ao longo dela somos submetidos às mais variadas situações e emoções. O homem é uma pequena pilha miserável de segredos, não só para os outros, como para si mesmo. Assim, com o tempo, pode vir a se conhecer melhor e mudar de objetivos. 



A aparente complexidade humana nos faz esquecer o quanto somos insignificantes diante do Universo. Até por isso, é uma tolice perguntar qual é o sentido da vida, dada a nossa insignificância. Só o Homer sabe.



Mesmo assim, acho que vocês querem uma resposta mais objetiva para a questão inicial. No filme O Sentido da Vida, o Monty Python deu a seguinte resposta: "Tentem ser bons com as pessoas. Evitem comer gordura. Leiam um bom livro de vez em quando. Caminhem regularmente. Tentem viver em paz e harmonia com pessoas de todos os credos e nações." Excelente resposta.



Já que falei anteriormente que cada um de nós deve procurar um sentido para sua vida, eu não poderia encerrar a discussão sem dar a minha resposta. Quer saber a minha resposta atual para o sentido da vida? Lutar e se apaixonar. "Lutar" não no sentido de combate físico, mas como um confronto de qualquer natureza. "Lutar" para mim é trabalhar duro para conquistar meus objetivos, empenhando-me ao máximo para conseguir o que quero. Em segundo lugar, há a questão de "se apaixonar", não despertando a paixão de ninguém, mas me deixando apaixonar, como uma vítima do amor. O interesse pode ser por alguém, por uma atividade ou pelo mundo ao meu redor. 
Enfim, em resumo, sou um soldado do amor. Esse é o sentido da minha vida. Essa é a minha missão. A razão da minha existência. Quando perder essa capacidade estarei morto, independente do estado do meu corpo.

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