segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A Ira Dos Vinte Anos Parte II

Meu aniversário é no dia 10 de setembro. Para mim essa época é sempre um momento de reflexão. Ano passado na época do meu aniversário escrevi um texto intitulado “A Ira Dos Vinte Anos”. Agora aqui estou escrevendo a segunda parte. Sei que vocês devem estar pensando que o correto deveria ser vinte e um anos. Tenho noção de que em breve oficialmente estarei um ano mais velho. Não sou como o Freddy Adu que há uma década diz ter vinte anos. Terei vinte e um anos com muito orgulho. Encare os “vinte anos” do título não como a minha idade atual, mas como um período que vai dos vinte até os vinte e nove anos, a década da minha juventude ou mocidade, se preferir. A pergunta que faço um ano depois é se ainda há motivo para ira.


Recapitulando o texto do ano anterior, eu disse que o motivo da minha ira eram as coisas ruins que frequentemente me aconteciam até então. Sentia-me irritado por me dar mal o tempo todo, tal qual um personagem caricato de série ou desenho animado, que a cada episódio é vítima de uma calamidade diferente. Isso ocorre por um só objetivo: fazer o público rir. Funciona. Desgraça de um, alegria dos outros. Como diria o Tim Maia “Na vida a gente tem que entender que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”.


Andei pensando nos últimos dias sobre o que atualmente ainda me deixa irritado. Essa explicação que dei ano passado não cola mais. Tantas vezes ao longo do ano eu disse que me ferro, mas me divirto. É verdade. Divirto-me porque levo a quem quer que esteja lendo minhas humildes e singelas experiências de vida, histórias verdadeiras, cômicas, porém reais, sem a necessidade de fazer impressionar. Rir. É disso que as pessoas precisam. Do jeito que posso tento fazer a minha parte. Mesmo explorando a minha própria desgraça.
Meu pensamento mudou. O motivo que tenho para me sentir “irado” (irado no mal sentido e não no irado cool) em relação aos meus vinte anos é o de que sou jovem, mas não aproveito a vida da forma que eu gostaria aproveitar. E tenho consciência de que a juventude não é eterna. Sinto os finais de semana passarem inaproveitados, os rostos ao meu redor envelhecendo (o meu por genética continua o mesmo há anos!), minhas pretendentes antigas ingressando em relacionamentos sérios... Lógico que tenho minha parcela de culpa nisso. De não aproveitar a vida e só olhar ela passar.


Adoro ser um observador do mundo. Só que de vez em quando é necessário não só olhar. Deve-se mostrar presença e não só reclamar consigo mesmo, como sempre faço, esperando que alguém venha com uma solução mágica para os meus problemas. Ou que se interesse por eles. Quer algo? “Vá atrás”,  é o que dizem. Só que nisso, a lealdade que tenho em relação a minha personalidade interfere em certos momentos. Eu diria que ela até prejudica. É como se eu andasse por aí com um livrinho de regras iguais aos dos Padrinhos Mágicos, que me impede de fazer certas coisas. Isso para a minha “própria proteção”. Até que nisso aí, neste último ano, venho tendo um desempenho satisfatório. Não há necessidade de proteger-se dos outros o tempo todo. Enfim caiu a ficha de que as pessoas não lêem mentes e nem advinham pensamentos. Se há algo a dizer diga. Assim pude ter coragem para resolver alguns assuntos pendentes do passado, botar a cara à tapa de vez em quando, dizer “Não” para certas coisas etc. Nenhum feito digno do Super-Homem, mas mesmo assim bastante consideráveis para um mero terrestre introvertido sem superpoderes.


Mas não é só o lado afetivo. O relacionamento e o trato com as pessoas. Há o aspecto econômico da coisa, que até o presente momento não consegui resolver. Acredite, esse problema é bastante significativo. Nesse mundo não se faz nada sem dinheiro. Ninguém vive de favores. Não dá para desconsiderar que essa forma de vida te faz sentir impotente. Menos homem. Odeio dinheiro, mas preciso dele e continuarei precisando, a não ser que o escambo algum dia volte à moda. Certamente algum dia a coisa toda vai melhorar, mas o "agora" está tenso, eu diria até que insuportável. É o "agora" que estou vivendo. Daí a minha ira e a minha indagação: Até quando?


Até quando isso vai durar? Vai dar tudo certo? Aos trinta, certamente irei ter uma resposta. Até lá buscarei alcançar a felicidade, usando todas as forças ao meu alcance, sem prejudicar ninguém, é claro. Se até aos trinta eu não conseguir, desistirei de procurá-la e me conformarei a seguir com a vida medíocre, que até agora venho tendo. O suicídio está fora de cogitação. A presente ira dos meus vinte anos é isso. Incomodo-me por não usufruir a vida da maneira que eu gostaria. Não sou o único a ter esse problema. Mas acho justo me incomodar com isso. Que esse incômodo seja um ingrediente do processo de mudança, que espero chegar algum dia à minha vida.
Uma nota final. Em relação ao meu aniversário do ano anterior, eu gostaria de agradecer novamente aos que dele lembraram, me felicitando. É bom saber de vez em quando que não sou um fantasma que passa desapercebido pelos outros. Eu mesmo me esqueço que existo às vezes. Mas com uma palavra de carinho, um sorriso no rosto ou com um abraço sincero me sinto vivo novamente. E isso é bom demais. Até a terceira parte no ano que vem. Espero que com boas novidades.

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