sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Back To Square One

Estou evitando utilizar expressões estrangeiras nos meus textos porque nossa língua portuguesa (do Brasil!) é muito rica e consegue segurar a barra sozinha. Não gosto de ficar falando ou escrevendo em inglês à toa só para parecer culto que nem algumas pessoas fazem. Mas hoje farei uma exceção utilizando uma expressão em inglês. Caso contrário me igualaria aos gênios criadores de títulos de filmes traduzidos toscamente com adjetivos como “do barulho”, “da pesada” e similares que você já cansou de ver na Sessão da Tarde. Enfim, “back to square one” é uma expressão muito utilizada na língua inglesa que traduzida significa literalmente “de volta ao quadrado um”, voltar ao começo. Entendeu xongas? Deixe-me situar você melhor. Todo mundo já deve ter jogado algum jogo de tabuleiro na sua vida. Nesse tipo de jogo, começamos jogando na casa (ou quadrado) número um. A expressão se relaciona em parte, justamente com esses jogos de tabuleiro, cujo jogador em uma jogada de má sorte pode acabar vir a voltar uma ou mais casas, regressando até o ponto de início do pontapé inicial, o bendito “square one”. Tal situação deixa até mesmo o cara mais tranqüilo da galera, no mínimo, um pouco frustrado. A punição para o seu erro é começar tudo de novo. Não importando mais o que se conquistou no meio do caminho nem as acertadas jogadas anteriores; seu progresso anterior de sucesso é substituído por um reinício enigmático. Daí dias opções: fracasso ou sucesso novamente.


Mais um ano terminou e mais uma vez regressaremos ao dia primeiro de janeiro. Perdoe-me pela piadinha cretina, mas o que ocorre nessa hora é o grande Restart geral, o começar do zero de um ano novinho em folha que se aproxima. Só que no mundo real esse regresso não significa algo negativo como nos jogos de tabuleiro, embora sejam semelhantes. Afinal não temos certeza do que vai acontecer em nossas vidas no ano que vai chegar, assim como nos jogos não temos certeza do que vai acontecer. Ao contrário do descontentamento, causado pelo reinício de uma partida do zero, nessa época de final de ano todos costumam ficar mais felizes, mais esperançosos com o próximo ano que se aproxima. Tem novas esperanças, novos sonhos simplesmente por causa da transição de um ano para outro. Fazem promessas que não podem ou não irão cumprir. Todo ano eu prometo uma coisa ou outra para mim mesmo. Geralmente são promessas relativas a minha conduta pessoal. “Esse ano serei assim”, esse tipo de coisa. Como sei que não vou cumprir esse ano nem vou prometer nada. Chega de se enganar, chega de se iludir. Percebi que serei “Delocco” para toda vida e venho que me adaptando a isso. Mas pelo menos alguns dos meus pedidos se realizaram e estou feliz por isso.  Digamos que 1/3 dos meus objetivos pretendidos tenham sido realizados. Os restantes são relativos à fantasias eróticas e assuntos amorosos não resolvidos. Melhor mudar de assunto. Próximo parágrafo, por favor...


Eu parando pra pensar bem cheguei à conclusão que para mim nada muda de um ano para outro. Passaram-se mais 365 dias da minha vida, mas continuo o mesmo idiota de sempre, morando na mesma casa, na mesma vida, com a mesma conta bancária de R$ 0,00. Vejo todo mundo mudando. Amigos, inimigos, conhecidos, desconhecidos. Mas continuo aqui estagnado. Seria eu eterno que nem o Pelé?  


O tempo existe mesmo é nas cabeças das pessoas. Algumas lembranças minhas de 4 ou 5 anos atrás estão mais vivas do que lembranças mais recentes. O que é insignificante acabo esquecendo para não sobrecarregar o HD que chamo de cérebro.


Esse ano até que foi bacana. Se bem que depois do ano traumatizante que tive em 2009, qualquer coisa ruim que pudesse me acontecer nesse ano estaria preparado mentalmente para lidar com isso. Mas agradeço por isso nada disso ter acontecido esse ano. Não vou dizer que foi um ano maravilhoso e lindo porque não foi. Realidade nenhuma é só flores, sempre há os espinhos. Pior: por culpa minha. Continuei tendo algumas atitudes inexplicáveis que nem eu mesmo sei explicar a razão. Talvez por eu ser a maior parte do tempo irracional... Nas palavras de minha avó, tenho uns parafusos a mais e outros a menos.
2010 enfim vai embora. Exatamente há um ano atrás em 2009 eu dizia “já vai tarde, ano maldito escroto do carvalho”. Esse ano não poderia dizer isso. Até que gostei das minhas solitárias e desastradas aventuras, algumas aqui narradas, outras não. Gostei de todo conteúdo cultural que consegui absorver, seja ele proveniente de mangás, músicas, games, livros e até mesmo do mundo acadêmico (e olha que odeio estudar). E, sobretudo gostei das pessoas que tive a oportunidade de conhecer ou reencontrar esse ano. E foram muitas. Estava bem decepcionado com os seres humanos desse mundo e vocês me deram um pouco mais de fé e esperança na humanidade. Esperava em relação às pessoas que conheceria inevitavelmente esse ano, coisas bem piores. Que bom que eu estava enganado. Não sou o melhor amigo que vocês podiam ter, mas vocês sem dúvida são os melhores que eu poderia ter. Mais uma vez, coincidência ou não, em um ano de Copa do Mundo, consegui me reinventar (parcialmente, vai...) para melhor, devido à convivência com pessoas maravilhosas (incluindo até vocês desconhecidos do MSN) as quais fui apresentado pelo destino. Por isso vamos lá “back to square one” rumo a um novo e ao mesmo tempo mesmo mundo de sempre, das incertezas sobre coisas boas ou ruins nesse (espero) extenso jogo chamado vida. Obrigado a todos!

PS2: Esse texto além de ser o último do ano é o último dessa primeira temporada de Crônicas Faraônicas. Só voltarei a escrever em março, afinal vagabundo também tira férias... Muito obrigado por lerem minhas bobagens e nos vemos em breve. Abraços!

Nenhum comentário:

Postar um comentário