segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tirando O Foco Do Principal

No ramo do entretenimento geralmente as mídias focalizam em uma só pessoa, para simplificar o processo de assimilação visual e criar uma identidade clara para o produto oferecido. No cinema e no teatro sempre está lá aquela pessoa chamada protagonista, cuja história da trama gira ao seu redor; o resto são apenas coadjuvantes orbitantes. Na televisão o apresentador comanda um programa atraindo toda a atenção para si, observando de forma panorâmica o conteúdo que seus assistentes (repórteres, por exemplo) tem a oferecer para complementar a sua atração, seu espetáculo. No ramo da música, geralmente essa pessoa de maior visibilidade é o vocalista, o frontman da banda. Ele que é o porta-voz e dá mais entrevistas, o que aparece mais nos videoclipes e o que é mais famoso (por isso, costuma a ser o mais “pegador”). Guitarristas vêm em segundo lugar. Baixistas e bateristas, coitados, raramente um fã não muito ardoroso conhece o seu nome. Como a desciclopédia diz  "o baixista (como se chama o cara que toca a guitarra de 4 cordas) está sempre (ou quase sempre) acompanhado de seu grande amigo baterista, que como ele, é inconformado por nunca aparecer em nada". Acho até que os baixistas são menos percebidos do que os bateristas, por causa do instrumento que tocam. Até eu admito que somente recentemente consegui enfim escutar o som do contrabaixo nas músicas que mais gosto. Tem bandas cujo som desse instrumento passa inaudível devido a distorções na guitarra e batidas alucinadas na batera. Pobres baixistas...


Lógico que há exceções. Sei muito bem que há casos em que a atenção entre todos os componentes de uma equipe é distribuída, digamos, mais democraticamente. Mas consideremos hoje especificamente situações como as que eu apresentei no parágrafo anterior.
Eu como sou um ser do contra desde sempre, tinha e tenho certa aversão aos artistas ou personagens principais. Sempre achava eles muito chatos, muito idealizados e certinhos. Em Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, eu como outros milhares de outros fãs odiava o Seiya; queria mesmo que o Saga matasse ele, tanto que “Morra Seiya” virou bordão de muita gente (como eu). Dentre os cavaleiros de bronze meu favorito era o Ikki. Tipicamente um representante da categoria anti-herói, que luta pelas suas próprias razões pessoais e não para salvar a terra ou algo do tipo. O Vegeta de Dragon Ball Z também se inclui nessa categoria. Era mais fã dele do que do Goku, embora não o odiasse assim como o Seiya. Interessante do Goku é que ele em dado momento da série perde a importância; Gohan vira protagonista, mas como o Goku era mais popular o Akira Toriyama resolveu colocar o foco nele novamente.


Agora falemos da música em particular. Como eu disse acima o vocalista geralmente é o líder da banda; os holofotes caem sobre ele e os outros membros ficam na penumbra. Em algumas bandas o vocalista principal até é o meu favorito em outras nem tanto. No Blink-182, por exemplo, sempre gostei mais do Mark Hoppus (baixista) do que de Tom DeLonge (guitarrista) nos vocais. Tudo bem que em algumas músicas o Hoppus faz a voz principal, porém na maioria delas quem faz isso é o DeLonge. Gosto dele também, mas sua voz é meio irritante e aguda demais. Por isso, quando eles se separaram eu ouvia mais +44 (banda do Hoppus) do que Angels and Airwaves (do Tom). No Linkin Park também para mim acontece algo semelhante; prefiro mais a voz do rapper Mike Shinoda do que a do Chester Bennington. Tanto que dos projetos paralelos à banda me tornei fã do Fort Minor de Mike, enquanto que até hoje não ouvi Dead by Sunrise do Chester. Não sou muito fã dos seus berros histéricos característicos. Deu para perceber que eu me amarro em uma segunda voz, mais tranqüila.


Minha lista de exemplos continua com bandas como Rage Against The Machine e System Of A Down, mas vou parar por aí porque pretendo mudar de assunto. Com toda essa atenção tal pessoa, tão visualizada, acaba se achando muito mais importante do que os demais. Um claro exemplo é o do surgimento de carreiras solos dos artistas que pertenciam a um grupo. Eles geralmente usam o argumento de que carregavam os companheiros nas costas, chamando-os de oportunistas o que nem sempre é verdade; todos participam de uma banda, mas infelizmente a imagem do vocalista é muito importante para a identidade do grupo, sem ele o grupo perde gradativamente sua popularidade. Um dos poucos grupos que eu acho que a vocalista merece somente uma carreira solo é o das Pussycats Dolls. Nem sou muito fã (no sentido de acompanhar as músicas) mas pelo que vejo, dava a impressão que só a moreninha (Nicole... alguma coisa) cantava, enquanto as outras apenas ficam rebolando de forma coreografada. Aí sim: uma debandada por parte seria plausível.


O que dá para concluir é que nós temos possibilidade de escolha; podemos focalizar em quem bem quisermos independente do que a mídia determina. Nossos favoritos, por serem secundários, podem aparecer menos, mas cada aparição deles é bastante significativa para nós. Existem vários exemplos de coadjuvantes que conseguiram o estrelato porque tiveram a oportunidade de ingressar em uma empreitada solo. Isso devido a um reconhecimento do público que foge dos padrões hegemônicos que determinam o que é popular. Por isso, caros secundários os saudamos!

PS: Detalhe que a primeira foto do texto foi dificílima de encontrar. Coloquei juntos no Google os nome do baterista Tré Cool e do baixista Mike Dirnt da banda Green Day e a maioria das fotos que apareceram tinham o vocalista Billie Joe Armstrong no centro como intruso. Como eu disse: em uma banda tirando o vocalista, os outros são meros coadjuvantes sem espaço próprio. Acontece...

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