sábado, 4 de maio de 2013

Relapso

Relapso: que, ou aquele que é negligente no cumprimento de suas obrigações; relaxado, displicente.
Nunca fui uma pessoa muito pró-ativa, só que no último ano me superei. Estive relapso demais. Na época, pude sentir claramente uma queda de rendimento nas minhas atividades mundanas. Tornei a pensar nisso ultimamente ao assistir episódios de duas animações: Bakuman e Homem-Aranha.
No anime e mangá Bakuman existe um personagem chamado Nakai. Sei que minha descrição vai parecer cruel, mas ela simplifica. Ele é o típico gordo fracassado: eterno solteirão, sem namorada, 33 anos de idade, nunca foi popular na vida. Por outro lado, ele é um desenhista talentoso de técnica admirável. Apesar disso só conseguia trabalhar como assistente de outros autores. Os mangás eram tudo o que tinha. Seu sonho era ter uma série publicada e arrumar uma namorada. 
Nakai consegue ter um trabalho serializado, mas continua fracassando na vida pessoal, sendo rejeitado pelas mulheres. Seu foco em desenhar diminui. Após o fim de sua série, cansado de tantas rejeições e ligeiramente constrangido pelos foras levados de colegas de trabalho, desiste da vida de mangaka. Vai morar no interior com a mãe. Além disso, começa a comer muito, se tornando obeso. 



Em um episódio da série animada de 1994 do Homem-Aranha, a Madame Teia aparece para dar uns conselhos à la Mestre Yoda para o amigo da vizinhança. Após tomar uma surra de um vilão, ela diz que ele estava distraído porque estava pensando demais nos seus dilemas amorosos. E era verdade: sua amada Mary Jane tinha anunciado que ia se casar com Harry Osbourn, seu melhor amigo.



Em ambos os casos, o rendimento dos personagens caiu. Fizeram suas obrigações porcamente, porque estavam distraídos pensando em mulher. Completamente relapsos. Igual a certa pessoa.
Certamente há outras razões que tornam uma pessoa relapsa. Porém essa mudança de comportamento sempre piora seu desempenho. Afeta sua produtividade. E veja bem: não estou falando de trabalho. Estou falando da vida como um todo. Antes, apesar do meu jeito meio devagar de ser, sempre era capaz de cumprir bem minhas obrigações. Gosto de forçar uma comparação com o futebol do Zidane: lento, mas eficiente. Deixei de ser assim por um tempo porque me deixei levar por um sentimentalismo barato.



Dei-me ao luxo de ficar com a cabeça nas nuvens o tempo todo. Isso me trouxe problemas. Decepcionei certas pessoas. Fui mal interpretado, taxado de desinteressado. Só que não era bem isso. Minha cabeça estava em outro lugar. Outra pessoa.



Esforcei-me pensando em planos, estratégias, situações e improvisos, mas foi tudo em vão. Não obtive resposta nem reconhecimento pelas tentativas. Banquei o homem modernoesperando pacientemente na fila pela minha vez. Só que ela nunca chegou.



Caso eu esteja sendo nesse momento conselheiro de alguma alma perdida que está na mesma situação em que estive, aí vai um conselho que ninguém me deu: não se precipite. Não adianta dar valor a quem ainda não é uma realidade para você. Isso só lhe causará angústia e ansiedade. Você vai perder seu tempo. Sofrer à toa. Ela não é a solução dos seus problemas. Enquanto você fica aí sonhando o dia inteiro, ela não está pensando um segundo sequer em você. Sequer é por maldade e você sabe disso.
Um relapso deixa de se cuidar, de se dar valor, de cumprir suas obrigações. Periga esquecer-se de viver sua própria vida. Ainda bem que percebi isso a tempo. Estar apaixonado não é desculpa para se tornar relapso. É preciso continuar vivendo por si mesmo. Entretanto não nego que continuo ingênuo te esperando, mas, por hora, adeus você.

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