quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma Alma Dividida

Em uma dessas várias semanas de tédio que tive nessas férias de vida, faculdade e blog, aproveitei para desenterrar, desempoeirar e reler a minha coleção da série de livros do Harry Potter. Na verdade a minha coleção está incompleta até hoje. Comprei os cinco primeiros livros, parei por aí e acabei baixando e lendo os dois últimos livros, uma atitude que relutei em fazer (mais pelos meus olhos do que pelos direitos autorais) e que no final acabei cedendo devido a curiosidade. A primeira vez que li as versões digitalizadas foi no ano passado no meu antigo celular (que foi roubado, por sinal). Desta vez li no PC mesmo, em arquivos PDF.
Nem parece que já se passaram dez anos desde que eu comecei a ler a série. Na época (2001) eu havia visto o filme primeiro e só depois fui ler o livro, igual a muita gente. J.K Rowling realmente consegui criar um mundo mágico. Incrível. Legal a maneira como ela até mesmo em um mundo de fantasia como o dos bruxos, conseguiu humanizá-los. Isso faz com que em determinadas ocasiões o leitor se identifique com os personagens e seus sentimentos.
Do jeito debochado de sempre, pretendo fazer aqui neste post algumas associações entre situações vividas na minha vida e situações protagonizadas por alguns personagens, em uma modesta mistura de ficção e realidade. Como o último livro foi lançado em 2007, nem acredito que irei surpreender alguém com os eventuais spoilers. De qualquer forma, já peço desculpas adiantadas caso você não tenha lido ou visto os filmes.
Vou começar pelo Voldemort, vulgo Você-Sabe-Quem. Começando logo pelo vilão parece até que não vem coisa boa. É verdade, admito: tenho um pouquinho de Voldemort em mim. Assusta-me dizer isso, mas me identifico com ele em vários aspectos. Sou individualista e gosto de realizar minhas tarefas sozinho sem nenhum tipo de auxílio (escrever neste blog, por exemplo). Como ele, uso outro nome para não usar o nome que meus pais me deram. Da mesma forma que Tom Riddle quis ser chamado de Voldemort, eu quis ser chamado de Pharaoh ou C. Delocco. Ter a sensação de decidir algo na sua vida é muito bom, mesmo parecendo insignificante tal qual a escolha de um nome novo para si mesmo. O que me diferencia do tio Voldie é que meu objetivo em usar um nome falso não é promover o medo ao ser citado por terceiros. Fiz isso apenas com a intenção de ter para mim um nome artístico diferenciado. Nem sei bem o porquê, afinal nem sou famoso...


Por último e não menos importante, resolvi me apropriar da idéia do Voldemort de dividir a alma em sete partes. Não se assuste. Não entrei para o lado obscuro da força nem pretendo matar ninguém. Não tenho a pretensão de fazer uso de horcruxes para me tornar menos vulnerável aos inimigos. Meu objetivo aqui é apenas dar exemplos ilustrativos utilizando personagens do livro. Como uma das horcruxes tem que ser eu mesmo (afinal dentro de mim deve haver algum resquício da minha própria alma), sobra espaço para mais seis personagens. Um já foi, restam cinco.


Começando pelo protagonista, o senhor Harry Potter, posso dizer que assim como ele sempre odiei minhas férias de verão. É um saco ficar trancado dentre de casa sem contato com o mundo. O que nos diferencia é que ele voltava de Hogwarts e vivia trancado na casa dos Dursley por razões de segurança. Comigo, posso dizer que vivo trancado por razões econômicas; minhas opções de lazer se restringem em ir somente a lugares os quais as minhas pernas podem me levar e os quais meus bolsos vazios podem pagar.


Até por isso mesmo posso me associar ao Rony Weasley. “Ei ei ei, Weasley é nosso rei”. Não nasci no lixo, mas sou pobre como o Rony. Também sou um eterno secundário. Aquele tipo de personagem que só serve para dar um alívio cômico nos momentos mais dramáticos. Às vezes tenho a sensação de que sequer sou o protagonista da minha própria vida. É como você ser o Luigi em um jogo do Mario Bros; perto dos outros, você é deixado de lado e até quando você está só, você é lembrado, só por estar associado à alguém mais importante. Ah, também sou insensível às vezes e possuo os pés grandes. Chances de eu conseguir uma Hermione só para mim? Só o tempo dirá...


Tal qual o Neville Longbottom eu sou um “tolo maravilha”. Acidentes vivem acontecendo ao meu redor e principalmente comigo. Coisas caindo, coisas quebrando, coisas voando sobre a minha cabeça. Vivo passando por apertos e caindo em eventuais mancadas. O lado positivo é que apesar das trapalhadas, consigo mostrar meu valor (assim espero), garantindo a conquista do Campeonato das Casas com dez pontos no fim das contas. Pensando bem, nem tanto. Aí já é apelação...
Não podia também faltar minhas semelhanças com o Hagrid. Quem vê de longe te imagina de uma forma bem diferente da que você é realmente, quando na verdade você é uma pessoa dócil que não faz mal a ninguém. Tal qual o meio-gigante já fui acusado injustamente de coisas que não cometi. Ainda sou para falar a verdade. Também faço alguns grunhidos irreconhecíveis sem querer de vez em quando, algo que dificulta o entendimento auditivo das outras pessoas em relação ao que digo. Também em comum, posso dizer que tal qual ele sempre fui consideravelmente alto. Se bem que estou mais para Troll do que para gigante. Ou ogro se preferir. Grande, gordo e cheio de maus hábitos. Lembra alguém?


E principalmente tal qual o querido professor de poções Severo Snape, já tive a minha Lílian surrupiada por algum Tiago Potter da vida, restando somente a amargura, arrependimento e a dor de não tê-la comigo. No meu caso acho até que tive mais do que uma Lílian ao longo da vida. A sensação de estar perdendo alguém para outra pessoa não é muito boa, acredite. Sou um rabugento, insuportável só esperando o meu momento de redenção se o mundo me permitir. Até lá convivo com uma menosprezo interno constante, daqueles capazes de fazer você começar a odiar a pessoa que é. Ou a pessoa que se tornou sendo por culpa do destino. Felizmente, posso dizer que pelo menos de todos os triângulos amorosos em que participei (e perdi) todos os envolvidos sobreviveram. Fisicamente pelo menos. Eu vivo meio fora de mim até hoje...


Perceberam como no geral eu tenho o pior de cada um?

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